O Coruja/III/IX: diferenças entre revisões

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Um dos seus primeiros cuidados, chegando à corte, foi pedir notícias dele.
 
É inútil dizer que as obteve, ainda mais completas do que procurava, porque no Rio de Janeiro essas coisas se conseguem com extrema facilidade, principalmente quando é uma Leonília quem as busca. Mas de tudo o que lhe constou a respeito do pérfido amante, só uma circunstância lhe encheu deveras as medidas: - a inesperada intimidade de Aguiar em casa de Branca.
 
Conhecendo o caráter "daquele tipo"; sabendo quais foram os esforços que ele empregou para casar com a prima e quão grande a sua decepção por não o conseguir, calculou logo que espécie de intenções o levaram a se fazer de novo amigo do homem que lhe roubara a mulher amada. Entretanto, por conhecer também de que força era o Aguiar em manha e disfarce, receava que o hipócrita realizasse os seus intentos contra a esposa de Teobaldo, mas, com tamanho jeito e habilidade, que ninguém viesse a descobri-los. E isto, que para ele representaria sem dúvida o complemento da vingança, para Leonília não era mais do que um fato do qual podia se tirar o melhor partido, metendo-o em circulação.
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Esperou e de olhos bem abertos. Nos passeios de carro que ela costumava fazer à tarde ou à noite, preferia em geral as bandas de Botafogo, circunstância em que nada havia de extraordinário, porque este bairro era então o mais próprio e usado para isso.
 
Mas, chegando em certa altura da praia, mandava sempre abaixar a cúpula do carro e afrouxar o passo dos animais; às vezes, chegava até a estacionar por alguns minutos debaixo de alguma árvore, como quem espera por alguém ou pretende descobrir alguma coisa; outras vezes saltava em terra e entretinha-se a uma pequena volta pelo caíscais.
 
Foi assim que ela, na tal noite da entrevista da mulher do conselheiro, viu o Aguiar surgir na porta de Teobaldo com a mulher deste pelo braço.
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— Olé! disse consigo e, auxiliada pela escuridão, pode observá-los à vontade, sem ser pressentida.
 
Viu-os trocarem em segredo algumas palavras, depois meterem-se resolutamente riono carro que os esperava na rua e que tomou logo a direção da cidade. Leonília acompanhou-os, recomendando ao seu cocheiro de guardá-los a certa distância e não os perder de vista.
 
Durante todo o tempo que Branca levou no terraço a espreitar o marido, ela rondou a porta da casa; casa aliás já sua conhecida, pois que até pernoitara aí uma noite com Teobaldo, depois de uma grande ceia, que o Aguiar oferecera aos amigos num dia de seus anos.
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— Tem graça!
 
— Não posso te explicar as circunstâncias muito especiais, que determinaram o que acabas de ver, mas afianço-te que Branca tem sido até hoje uma esposa verdadeiramente casta...
 
— Ora deixa-te disso, e fala com franqueza.
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Ele sacudiu os ombros.
 
— Bem... murmurou Leonília, depois de uma pausa. - Adeus.
 
— Posso então confiar em ti, não é verdade? perguntou Aguiar, apertando-lhe a mão.