Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990): diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
se(c)ção Base IV salva
Base V da Academia Brasileira de Letras
Linha 304:
<ol>
<li><!-- 1.º -->
O emprego do ''e'' e do ''i'', assim como o do ''o'' e do ''u'', em sílaba átona, regula-se fundamentalmente pela etimologia e por particularidades da história das palavras. Assim, se estabelecem variadíssimas grafias:
 
<ol style="list-style-type: lower-alpha;">
<li><!-- a) -->
Com ''e'' e ''i'': ''ameaça, amealhar, antecipar, arrepiar, balnear, boreal, campeão, cardeal '' (prelado, ave, plantaplan- ta; diferente de ''cardial'' = "relativo“relativo à cárdia"cárdia”), '', Ceará, côdea, enseada, enteado, Floreal, janeanes, lêndea, Leonardo, Leonel, Leonor, Leopoldo, Leote, linear, meão, melhor, nomear, peanha, quase '' (em vez de ''quási''), '', real, semear, semelhante, várzea''; ''ameixial, Ameixieira, amial, amieiro, arrieiro, artilharia, capitânia, cordial '' (adjetivo e substantivo)'', corno/acorriola, crânio, criar, diante, diminuir, Dinis, ferregial, Filinto, Filipe ''(e identicamente ''Filipa'', ''Filipinas'', etc.)'', freixial, giesta, Idanha, igual, imiscuir-se, inigualável, lampião, limiar, Lumiar, lumieiro, pátio, pior, tigela, tijolo, Vimieiro, Vimioso.''
</li>
 
<li><!-- b) -->
Com ''o'' e ''u'': ''abolir, Alpendorada, assolar, borboleta, cobiça, consoada, consoar costume, díscolo, êmbolo, engolir, epístola, esbafonir-se, esboroar, farândola, femoral, Freixoeira, girândola, goela, jocoso, mágoa, névoa, nódoa, óbolo, Páscoa, Pascoal, Pascoela, polir, Rodolfo, tá voatávoa, tavoada, távola, tômbola, veio'' (substantivo e forma do verbo ''vir''); ''açular, água, aluvião, arcuense, assumir, bulir, camândulas, curtir, curtume, embutir, entupir, fémur/fêmur, fistula, glândula, ínsua, jucundo, légua, Luanda, lucubração, lugar, mangual, Manuel, míngua, Nicarágua, pontual, régua, tábua, tabuadatabu- ada, tabuleta, trégua, vitualha.''
</li>
</li>
 
<li><!-- 2.º -->
Sendo muito variadas as condições etimológicas e histórico-fonéticas em que se fixam graficamente ''e'' e ''i'' ou ''o'' e ''u'' em sílaba átona, é evidente que só a consulta dos vocabulários ou dicionários pode indicar, muitas vezes, se deve empregar-se ''e'' ou ''i'', se ''o'' ou ''u''. Há, todavia, alguns casos em que o uso dessas vogais pode ser facilmente sistematizado. Convém fixar os seguintes:
 
<ol style="list-style-type: lower-alpha;">
<li><!-- a) -->
Escrevem-se com ''e'', e não com ''i'', antes da sílaba tónica/tônica, os substantivos e adjetivos que procedem de substantivos terminados em ''-eloeio'' e ''-eia'', ou com eles estão em relação direta. Assim se regulam: ''aldeão'', ''aldeola'', ''aldeota'' por ''aldeia''; ''areal'', ''areeiro'', ''areento'', ''Areosa'' por ''areia''; ''aveal'' por ''aveia''; ''baleal'' por ''baleia''; ''cadeado'' por ''cadeia''; ''candeeiro'' por ''candeia''; ''centeeira'' e centeeino''centeeiro'' por ''centeio''; ''colmeal'' e ''colmeeiro'' por ''colmeia''; ''correada'' e ''correame'' por ''correia''.
</li>
 
<li><!-- b) -->
Escrevem-se igualmente com ''e'', antes de vogal ou ditongo da sílaba tónica/ tônica, os derivados de palavras que terminam em ''e'' acentuado (o qual pode representar um antigo hiato: ''ea'', ''ee''): ''galeão'', ''galeota'', ''galeote'', de ''galé''; ''coreano'', de ''Coreia''; ''daomeano'', de ''Daomé''; ''guineense'', de ''Guiné''; ''poleame'' e ''poleeiro'', de ''polé''.
</li>
 
<li><!-- c) -->
Escrevem-se com ''i'', e não com ''e'', antes da sílaba tónica/tônica, os adjetivos e substantivos derivados em que entram os sufixos mistos de formação vernácula ''-iano'' e ''-iense'', os quais são o resultado da combinação dos sufixos ''-ano'' e ''-ense'' com um ''i'' de origem analógica (baseado em palavras onde ''-ano'' e ''-ense'' estão precedidos de ''i'' pertencente ao tema: ''horaciano, italiano, dunienseduriense, flaviense,'' etc.): ''açoriano'', ''acriano'' (de ''Acre''), camoniamo''camoniano'', ''goisiano'' (relativo a Damião de Góis), ''siniense'' (de ''Sines''), ''sofocliano'', ''torniano, torniense'' (''de Torre''(''s'')).
</li>
 
<li><!-- d) -->
Uniformizam-se com as terminações ''-io'' e ''-ia'' (átonas), em vez de ''-coeo'' e ''-ea'', os substantivos que constituem variações, obtidas por ampliação, de outros substantivos terminados em vogal; ''cúmio'' (popular), de ''cume''; ''hástia'', de ''haste''; ''réstia'', do antigo neste''reste'', ''véstia'', de ''veste''.
</li>
 
<li><!-- e) -->
Os verbos em ''-ear'' podem distinguir-se praticamente, grande número de vezes, dos verbos em ''-ianiar'', quer pela formação, quer pela conjugação e formação ao mesmo tempo. Estão no primeiro caso todos os verbos que se prendem a substantivos em -eloeio ou -eia (sejam formados em português ou venham já do latim); assim se regulam: ''aldear'', por ''aldeia''; ''alhear'', por ''alheio''; ''cear'' por ''ceia''; ''encadear'' por ''cadeia''; pean''pear'', por pela''peia''; etc. Estão no segundo caso todos os verbos que têm normalmente flexões rizotónicas/rizotônicas em ''-eio'', ''-eias'', etc.: ''clarear, delinear, devanear, falsear, granjear, guerrear, hastear, nomear, semear,'' etc. Existem, no entanto, verbos em ''-iar'', ligados a substantivos com as terminações átonas ''-ia'' ou ''-io'', que admitem variantes na conjugação: ''negoceio'' ou ''negocio'' (cf. ''negócio''); ''premeio'' ou ''premio'' (cf. ''prémio/prêmio''); etc.
</li>
 
<li><!-- f) -->
Não é lícito o emprego do ''u'' final átono em palavras de origem latina. Escreve-se, por isso: ''moto'', em vez de ''mótu'' (por exemplo, na expressão de ''moto próprio''); ''tribo'', em vez de tribu''tríbu''.
</li>
 
<li><!-- g) -->
Os verbos em ''-oar'' distinguem-se praticamente dos verbos em ''-uar'' pela sua conjugação nas formas rizotónicas/rizotônicas, que têm sempre ''o'' na sílaba acentuada: ''abençoar'' com ''o'', como ''abençoo'', ''abençoas'', etc.; ''destoar'', com ''o'', como ''destoo'', ''destoas'', etc.; mas ''acentuar'', com ''u'', como ''acentuo'', ''acentuas'', etc.
</li>
</ol>