Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990): diferenças entre revisões

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Tais formas só serão acentuadas se a sequência ''ui'' não formar ditongo e a vogal tónica for ''i'', como, por exemplo, ''arguí'' (1<sup>a</sup> pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo).
 
 
'''{{T3|Emprego do hífen (Bases XV a XVII)}}'''
 
 
'''{{T4|Estado da questão}}'''
 
 
No que respeita ao emprego do hífen, não há propriamente divergências assumidas entre a norma ortográfica lusitana e a brasileira. Ao compulsarmos, porém, os dicionários portugueses e brasileiros e ao lermos, por exemplo, jornais e revistas, deparam-se-nos muitas oscilações e um largo número de formações vocabulares com grafia dupla, ou seja, com hífen e sem hífen, o que aumenta desmesurada e desnecessariamente as entradas lexicais dos dicionários. Estas oscilações verificam-se sobretudo nas formações por prefixação e na chamada recomposição, ou seja, em formações com pseudoprefixos de origem grega ou latina.
 
Eis alguns exemplos de tais oscilações: ''ante-rosto'' e ''anterrosto'', ''co-educação'' e ''coeducação'', ''pré-frontal'' e ''prefrontal'', ''sobre-saia'' e ''sobressaia'', ''sobre-saltar'' e ''sobressaltar''; ''aero-espacial'' e ''aeroespacial'', ''auto-aprendizagem'' e ''autoaprendizagem'', ''agro-industrial'' e ''agroindustrial'', ''agro-pecuária'' e ''agropecuária'', ''alvéolo-dental'' e ''alvealodental'', ''bolbo-raquidiano'' e ''bolborraquidiano'', ''geo-história'' e ''geoistória'', ''micro-onda'' e ''microonda''; etc.
 
Estas oscilações são, sem dúvida, devidas a uma certa ambiguidade e falta de sistematização das regras que sobre esta matéria foram consagradas no texto de 1945. Tornava-se, pois, necessário reformular tais regras de modo mais claro, sistemático e simples. Foi o que se tentou fazer em 1986.
 
A simplificação e redução operadas nessa altura, nem sempre bem compreendidas, provocaram igualmente polêmica na opinião pública portuguesa, não tanto por uma ou outra incongruência resultante da aplicação das novas regras, mas sobretudo por alterarem bastante a prática ortográfica neste domínio.
 
A posição que agora se adopta, muito embora tenha tido em conta as críticas fundamentadas ao texto de 1986, resulta, sobretudo, do estudo do uso do hífen nos dicionários portugueses e brasileiros, assim como em jornais e revistas.
 
 
'''{{T4|O hífen nos compostos (Base XV)}}'''
 
 
Sintetizando, pode dizer-se que, quanto ao emprego do hífen nos compostos, locuções e encadeamentos vocabulares, se mantém o que foi estatuído em 1945, apenas se reformulando as regras de modo mais claro, sucinto e simples.
 
De facto, neste domínio não se verificam praticamente divergências nem nos dicionários nem na imprensa escrita.
 
 
'''{{T4|O hífen nas formas derivadas (Base XVI)}}'''
 
 
Quanto ao emprego do hífen nas formações por prefixação e também por recomposição, isto é, nas formações com pseudoprefixos de origem grega ou latina, apresenta-se alguma inovação. Assim, algumas regras são formuladas em termos contextuais, como sucede nos seguintes casos:
 
<ol style="list-style-type: lower-alpha;">
<li><!-- a) -->
Emprega-se o hífen quando o segundo elemento da formação começa por ''h'' ou pela mesma vogal ou consoante com que termina o prefixo ou pseudoprefixo (por exemplo: ''anti-higiênico, contra-almirante, hiper-resistente'').
</li>
 
<li><!-- b) -->
Emprega-se o hífen quando o prefixo ou falso prefixo termina em m e o segundo elemento começa por vogal, ''m'' ou ''n'' (por ex. ''circum-murado, pan-africano'').
{{-}}
As restantes regras são formuladas em termos de unidades lexicais, como acontece com oito delas (''ex-, sota- e soto-, vice- e vizo-''; ''pós-, pré- e pró-'').
</li>
</ol>
 
Noutros casos, porém, uniformiza-se o não emprego do hífen, do modo seguinte:
 
<ol style="list-style-type: lower-alpha;">
<li><!-- a) -->
Nos casos em que o prefixo ou o pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por ''r'' ou ''s'', estas consoantes dobram-se, como já acontece com os termos técnicos e científicos (por ex. ''antirreligioso, microssistema'').
</li>
 
<li><!-- b) -->
Nos casos em que o prefixo ou o pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente daquela, as duas formas aglutinam-se, sem hífen, como já sucede igualmente no vocabulário científico e técnico (por exemplo: ''antiaéreo, aeroespacial'').
</li>
</ol>
 
 
'''{{T4|O hífen na ênclise e tmese (Base XVII)}}'''
 
 
Quanto ao emprego do hífen na ênclise e na tmese mantêm-se as regras de 1945, exceto no caso das formas ''hei de, hás de, há de,'' etc., em que passa a suprimir-se o hífen. Nestas formas verbais o uso do hífen não tem justificação, já que a preposição ''de'' funciona ali como mero elemento de ligação ao infinitivo com que se forma a perífrase verbal (cf. ''hei de ler,'' etc.), na qual ''de'' é mais proclítica do que apoclítica.
 
 
'''{{T3|Outras alterações de conteúdo}}'''
 
 
'''{{T4|Inserção do alfabeto (Base I)}}'''
 
 
Uma inovação que o novo texto de unificação ortográfica apresenta, logo na base I, é a inclusão do alfabeto, acompanhado das designações que usualmente são dadas às diferentes letras. No alfabeto português passam a incluir-se também as letras ''k'', ''w'' e ''y'', pelas seguintes razões:
 
<ol style="list-style-type: lower-roman;">
<li><!-- a) -->
Os dicionários da língua já registam estas letras, pois existe um razoável número de palavras do léxico português iniciado por elas.
</li>
 
<li><!-- b) -->
Na aprendizagem do alfabeto é necessário fixar qual a ordem que aquelas letras ocupam.
</li>
 
<li><!-- c) -->
Nos países africanos de língua oficial portuguesa existem muitas palavras que se escrevem com aquelas letras.
</li>
</ol>
 
Apesar da inclusão no alfabeto das letras ''k'', ''w'' e ''y'', mantiveram-se, no entanto, as regras já fixadas anteriormente, quanto ao seu uso restritivo, pois existem outros grafemas com o mesmo valor fónico daquelas. Se, de facto, se abolisse o uso restritivo daquelas letras, introduzir-se-ia no sistema ortográfico do português mais um factor de perturbação, ou seja, a possibilidade de representar, indiscriminadamente, por aquelas letras fonemas que já são transcritos por outras.
 
 
'''{{T4|Abolição do trema (Base XIV)}}'''
 
 
No Brasil, só com a Lei n<sup>o</sup> 5.765, de 1971.12.18, o emprego de trema foi largamente restringido, ficando apenas reservado às sequências ''gu'' e ''qu'' seguidas de ''e'' ou ''i'', nas quais ''u'' se pronuncia (cf. ''aguentar, arguente, eloquente, equestre,'' etc.).
 
O novo texto ortográfico propõe a supressão completa do trema, já acolhida, aliás, no Acordo de 1986, embora não figurasse explicitamente nas respectivas bases. A única ressalva, neste aspecto, diz respeito a palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros com trema (cf. ''mülleriano'', de ''Müller'', etc.).
 
Generalizar a supressão do trema é eliminar mais um factor que perturba a unificação da ortografia portuguesa.
 
 
'''{{T3|Estrutura e ortografia do novo texto}}'''
 
 
Na organização do novo texto de unificação ortográfica optou-se por conservar o modelo de estrutura já adoptado em 1986. Assim, houve a preocupação de reunir, numa mesma base, matéria afim, dispersa por diferentes bases de textos anteriores, donde resultou a redução destas a vinte e uma.
 
Através de um título sucinto, que antecede cada base, dá-se conta do conteúdo nela consagrado. Dentro de cada base adotou-se um sistema de numeração (tradicional) que permite uma melhor e mais clara arrumação da matéria aí contida.
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