No País dos Ianques/IX: diferenças entre revisões

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O bom velho já nos esperava com o seu belo ar de urso doméstico, barba muito branca, de barrete e óculos, entre os seus mapas coloridos e os seus prospectos representando steamers e as jetties.
 
-— Folgo bastante em lhes poder mostrar o plano da empresa há tantos anos iniciada sob minha direção, disse ele com um amável sorriso de bonomia patriarcal.
 
E começou a desenrolar diante de nossos olhos uma série infindável de cartas hidrográficas, mapas, desenhos.
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Não gostava de continências e desprezava o juízo imbecil dos que lhe apodavam de estróina. O certo é que esse juízo em nada o comprometia perante o high-life americano que o estimava suficientemente. Ele era o representante imediato da família imperial, era o alvo predileto de todas as manifestações ao Brasil na grande festa internacional.
 
Seria ocioso, senão monótono e fatigante, descrever, uma por uma, em todos os seus detalhes, com todas as suas cores mirabolantes, essas manifestações, profundamente fraternais e democráticas, com que nos recebeu a distinta sociedade de Nova Orleans. Bailes, regatas, passeios improvisados, concertos, brindes -— e não raro a tolda do nosso belo cruzador converteu-se em esplêndido salão de baile, acordando a sons de orquestra e gritos de alegria o silêncio agreste das margens do Mississipi.
 
É este o único consolo daqueles que andam no mar em serviço da pátria -— o repousar em terra amiga. Vão-se as saudades para dar lugar à franca expansão dos corações: a alma do marinheiro transforma-se, como por encanto, num bostiário de alegrias de uma ingenuidade incomparável, e ele ri com os outros, canta e sente-se tão bem como se estivesse em seu próprio país, no meio de seus amigos e de seus parentes. Encantadora ilusão, que só dura enquanto ele não abre as velas mar em fora nessa interminável derrota de argonautas que vão atrás do bezerro de ouro da felicidade...
 
Não direi, não, o que nos divertimos, as múltiplas sensações por que passou o nosso espírito nessa Luisiana que o Mississipi embala com o ritmo nostálgico de suas águas cor de barro. Seria desdobrar a natureza humana tão complexa e misteriosa.
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Vamos adiante, consultemos o caderno de notas.
 
25 de abril... -— Estávamos na Páscoa, a festa risonha e popular da ressurreição do Cristo. Até então nenhum desgosto, nenhuma tristeza, nenhuma mágoa toldara o céu puríssimo de nossas alegrias. Vagávamos em mar de rosa, egoístas de felicidade, sereno o espírito, aberto o coração a todos os influxos bons. Boa vida, por um lado, essa de quem viaja sem grandes preocupações, no bojo de um navio patrício.
 
Eis que, de repente, uma nota dissonante e sombria chamou-nos à realidade pungente da vida humana: morrera um nosso companheiro de bordo, o Leocádio..., que digo eu? um desses heróis anônimos que usam gola ao pescoço, um pobre marinheiro que a fatalidade arrebatou de sua terra natal para morrer tísico em pais estranho.
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É um dos últimos conventos que ainda existem nos Estados Unidos. Consta de três andares e ergue-se à margem do rio, para onde abre suas janelinhas através das quais se vê passar a sombra fantástica das religiosas.
 
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