Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
mSem resumo de edição |
m ajustes utilizando AWB |
||
Linha 1:
{{navegar
|anterior= [[No País dos Ianques/
|posterior=[[No País dos Ianques/
|seção=Capítulo XIV
|obra=[[No País dos Ianques]]
|autor=Adolfo Caminha
Linha 9:
Abramos capítulo especial para Anápolis, não que esta cidade, a mais antiga dos Estados Unidos, mereça-nos mais que qualquer das outras, absolutamente não, mas por uma deferência bem entendida, por um recolhido sentimento de gratidão para com a jovem oficialidade da marinha norte-americana, que ali recebeu as primeiras lições de disciplina militar e dever cívico, e que soube nos acolher em seu seio como verdadeiros irmãos de armas que éramos.
A nossa visita coincidia com a festa de formatura dos guardas-marinha, uma das belas solenidades anuais dos Estados Unidos à qual concorrem centenas de pessoas da mais elevada sociedade
Antes, porém, de dizer o que foi essa festa, descrevamos, rapidamente, a cidade.
Anápolis é como unia nota dissonante na civilização americana. Imagine-se um quilombo africano, uma grande aldeia cortada de ruas desiguais, estreitas e desalinhadas, com um aspecto sombrio e detestável de velho burgo colonial, onde se move uma população na maior parte negra e atrasadíssima
Vê-se que os americanos têm-lhe certo respeito e conservam-na esquecida e retrógrada por uma espécie de devoção arqueológica, sacrificando por esse modo o seu bom gosto característico e o seu tradicional amor ao progresso.
Insípida, monótona e triste como um cemitério de pagãos
De ano em ano enche-se de povo; seu único hotel, um pardieiro, extravasa, e então sente-se um frêmito de vida nova percorrer aquelas ruas habitualmente sossegadas e tristes. Passeiam bandas de música, flutuam bandeiras na frontaria das casas, por toda a parte ouve-se uma vozeria estranha de gente que bebe e canta nos cafés (arremedo de cafés) e todas as janelas abrem-se como para receber o desinfetante da alegria, importado das grandes cidades circunvizinhas.
Linha 31:
Ainda não estava concluído o programa.
Em seguida à solenidade oficial
Noite clara e constelada. O largo edifício da Escola de Marinha regurgita de convidados que se cruzam em todos os sentidos no salão de baile, nos corredores, nos bouffets, nas ante-salas...
Linha 37:
Nota-se em todas as caras certo ar de intimidade, certo bem-estar flagrante, um quer que é comunicativo e bom.
Uma ou outra casaca solitária, destoando da linha geral das toilettes largas e frescas. Observo curiosamente o apuro de um oficial japonês que franze as sobrancelhas num gesto de enfado.
Desabotoam-se risos gentis em bocas purpurinas. Derramam-se essências preciosas no ambiente luminoso. Conversa-se alto. Belas misses de face escarlate abanam-se com os leques de ricas plumas de edredom. Os leques e as jóias são as únicas riquezas que conduzem num contraste frisante com os vestidos leves e claros.
Linha 54:
Ficamos sabendo que todas as festas noturnas terminam invariavelmente à meia-noite, nos Estados Unidos. É uma velha praxe que os americanos poucas vezes transgridem.
Anápolis, black City
[[Categoria:
|