[[Categoria:Obras completas de Fagundes Varela (1920)]]
==[[Página:Obras completas de Fagundes Varela (1920), I.djvu/123]]== ▼
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Não te esqueças de mim, quando erradia
Perde-se a lua no sidéreo manto;
Quando a brisa estival roçar-te a fronte,
Não te esqueças de mim, que te amo tanto.
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Não te esqueças de mim, quando escutares
Gemer a rola na floresta escura,
E a saudosa viola do tropeiro
Desfazer-se em gemido de tristura.
Quando a flor do sertão, aberta a medo,
Pejar os ermos de suave encanto,
Lembra-te os dias que passei contigo,
Não te esqueças de mim, que te amo tanto.
Não te esqueças de mim, quando à tardinha
Se cobrirem de névoa as serranias,
E na torre alvejante o sacro bronze
Docemente soar nas freguesias!
Quando de noite, nos serões de inverno,
A voz soltares modulando um canto,
Lembre-te os versos que inspiraste ao bardo,
Não te esqueças de mim, que te amo tanto.
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==[[Página:Obras completas de Fagundes Varela (1920), I.djvu/124]]==
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Não te esqueças de mim, quando meus olhos
Do sudário no gelo se apagarem,
Quando as roxas perpétuas do finado
Junto à cruz de meu peito se embalarem.
Quando os anos de dor passado houverem,
E o frio tempo consumir-te o pranto,
Guarda ainda uma ideia a teu poeta,
Não te esqueças de mim, que te amotanto.
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