A Ortografia de Nossa Língua (pela simplificação ortográfica): diferenças entre revisões

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Linha 282:
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; A glotologia tem retrogradado, em verificações mais ou menos demonstradas e demonstráveis, até alguns milhares de anos, no passado da humanidade. O estudo comparado das línguas avançou admiravelmente, numa desramificação ou simplificação retrocessiva dos idiomas, até longe, nos primórdios da atividade do homem, tudo com uma inclinação muito provável para a unidade de origem do sublime dom da palavra. A caminhada é cheia de hipóteses, como a grande suposição de um tronco comum para as línguas indo-européas, semíticas e camíticas, tronco que não pôde ser encontrado. São três vastos galhos com uma direção de convergência para um imaginado ponto. Mas ponto que não foi verificado. E os três galhos perdem-se no espaço e no tempo, com o ângulo de convergência escondido na escuridão de um outrora longínquo, até aonde não chegou a luz da ciência, na sua marcha maravilhosa pelo passado a fora. Marcha admirável que conseguiu catalogar as 860 línguas do Atlas etnográfico de Balbi, estudando-as mais ou menos completamente enxertando-as nos seus ramos naturais e orientando estes ramos no sentido da desejada e cientificamente ainda hipotética unidade da linguagem humana, em sua origem.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; NOTA - O Atlas etnográfico de Balbi registra 860 línguas e 5000 dialetos,<br>&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; com a seguinte distribuição: Ásia, 153. Europa, 53; África, 115; América,<br>&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; 422. [Espasa]}.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Marcha feita em um século de pesquisa e ansiedade cultural, porque não data de mais de um século o desenvolvimento da glotologia, como ciência. Até o século 19, o estudo do assunto não alcançara mais do que ensaios, hoje vistamente pueris, em que se tentava filiar as línguas européas ao hebraico, por causa da Bíblia.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; É verdade que já, em 1585, um mercador florentino, Filippo Sassetti, notara parecenças entre palavras italianas e palavras sânscritas. No século 17, missionários jesuítas, como o italiano Roberto de Nobili da Montepulciano, estudavam cuidadosamente o sânscrito. E o padre Coeurdoux, numa memória encomendada por Barthélemy, em 1768, mostrava as afinidades que existem entre o grego, o latim e o sânscrito.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Mas Menéndez y Pelayo reivindica para o jesuíta espanhol Hervás y Panduro a paternidade da glotologia. Expulso de sua terra, o padre Hervás retirou-se para Roma, onde se entregou ao estudo das línguas, fazendo pesquisas sobre 300 (trezentas) delas e escrevendo gramática de 40 (quarenta). Teria sido o primeiro que fugiu do hebraico e que viu a parecença entre o grego e o sânscrito. Publicou seus trabalhos entre 1787 e 1800. Note-se, de passagem, que a memória de Coeurdoux, lida em 1768, só quarenta anos mais tarde foi publicada.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Depois que o sânscrito entrou em conta, nos estudos comparativos, a glotologia tomou impulso e muniu-se de seriedade científica. Ao longo do século 19, desfila uma plêiade de pesquisadores como Schlegel, Bopp, Pott, Grimm, Maury, Benfey, Burnouf, Diez, Max Müller, Bréal, Littré, Brachet, Clédat, Brunot, Suchier, Meyer Lübke, Gaston Paris, Paul Regnaud, Darmesteter, Carolina Micaelis, Adolfo Coelho, Pacheco Júnior, Gonçalves Viana, Ribeiro de Vasconcelos, João Ribeiro e tantos outros. (Lista tomada a Ernesto Carneiro Ribeiro - <i>Serões gramaticais</i>).</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Sobretudo na Germânia, se aclimou extraordinariamente a nova ciência, em que se especializou, naquele país, uma geração incansável de estudiosos que hoje se respeitam por autoridades, apesar da original arremetida, contra todos eles, do escritor português Nobre França, na sua obra intitulada <i>A filologia perante a história</i> [2 ed. 1918].</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; <i>Guilherme Jones</i> e <i>Sehlegel</i>, estudaram o grego, o latim e o sânscrito (1808). <i>Frederico Bopp</i>, em 1833, publicou a monumental <i>Gramática comparada das línguas indo-européias</i>. <i>Grimm</i> continuou no sentido de Bopp, descobrindo as leis fonéticas da linguagem (1848). <i>Schleicher</i> (1862), <i>Curtius</i> e <i>Schnutt<i> (1872) fizeram estudos importantes. E as pesquisas continuaram e continuam: <i>Max Müller</i>, alemão, que professou em Oxford, <i>Hovelacque</i>, <i>Meyer-Lübke</i>, professor jubilado da universidade de Bonn, <i>Trombetti</i>, etc:</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Para lá do que a lingüística pôde verificar, ficam as hipóteses e, muito para além, aquela que supõe os sentimentos do homem primitivo manifestando-se por meio de gestos, de interjeições onomatopaicas e monossilábicas, as quais, aos poucos, se foram complicando em articulações e palavras.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Cheia de conjecturas é também a origem da representação escrita do pensamento. A necessidade de transmitir a idéia a um companheiro ausente, o desejo de fixá-la, objetivamente, como lembrança para mais tarde ou como documento da própria vaidade e afirmação diante dos vindouros, foram as causas que suscitaram, ao engenho humano, expedientes de tradução do próprio pensamento, das próprias façanhas, da própria religiosidade, do próprio totemismo.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; A objetivação visual do pensamento evolveu da síntese para a análise. J. L. de Campos, em estudo sôbre a "<i>Evolução na arte de escrever</i>" (In <i>Rev. da Líng. Port.</i>)) reduz a cinco, as fases da gráfica.</p>
 
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