Anexo:Versões/A Bela e o Monstro: diferenças entre revisões

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[[Categoria:Jeanne-Marie LePrince de Beaumont]]}}
 
<center>A Bela e a Fera.</center>
 
<center>CONTO.</center>
 
<center>Jeanne-Marie LePrince de Beaumont</center>
CONTO.
 
 
Era uma vez um comerciante que era extremamente rico. Ele tinha seis filhos, três rapazes e três moças e, como esse comerciante era um homem de espírito, ele não poupava nada para a educação de seus filhos e lhes deu todo tipo de professores. Suas filhas eram muito bonitas, mas a mais nova, sobretudo, se fazia admirar, e era chamada, quando pequena, de bela criança; de tal sorte que o nome ficou, o que causava ciúmes às suas irmãs. Essa mais nova, que era mais bela que suas irmãs, era também melhor que elas. As duas mais velhas tinham muito orgulho, porque eram ricas, elas se faziam passar por damas e não aceitavam receber as visitas das outras filhas de comerciantes; precisavam de pessoas de qualidade para sua companhia. Elas iam todos os dias ao baile, ao teatro, ao passeio e se riam da mais nova que empregava a maior parte de seu tempo a ler bons livros. Como se sabia que essas jovens eram muito ricas, muitos grandes comerciantes lhes pediram em casamento, mas as duas mais velhas respondiam que elas não se casariam jamais, a menos que elas encontrassem um duque, ou, pelo menos, um conde. A Bela (porque eu já disse que esse era o nome da mais jovem), a Bela agradecia honestamente aqueles que queriam se casar com ela, mas lhes dizia que era muito jovem e que desejava fazer companhia a seu pai durante alguns anos.
 
De repente, o comerciante perdeu sua riqueza e lhe restou apenas uma pequena casa de campo, bem longe da cidade. Ele disse chorando a seus filhos que eles precisariam se mudar para aquela casa e que, se trabalhassem como camponeses, poderiam viver. Suas duas filhas mais velhas responderam que não queriam deixar a cidade e que tinham vários pretendentes que ficariam muito felizes de casar com elas, apesar de não mais possuírem fortuna : as boas jovens se enganavam ; os pretendentes não quiseram mais olhar para elas quando se tornaram pobres. Como ninguém as amava por causa de seu orgulho, diziam : "elas não merecem que se lamente por elas, nós somos bem alegres de ver seu orgulho abaixado; que elas se finjam de damas guardando os carneiros". Mas, ao mesmo tempo, todo o mundo dizia: "pela Bela, nós ficamos chateados por sua infelicidade. É uma boa moça, ela falava com os pobres com tanta bondade, ela era tão doce, tão honesta." Houve mesmo vários jovens que quiseram se casar com ela, mesmo que não possuísse mais nenhum tostão, mas ela lhes disse que não podia abandonar seu pobre pai durante sua infelicidade e que ela o seguiria ao campo, para consolá-lo e lhe ajudar a atrabalhar. A pobre Bela tinha sido bem afligida por perder sua fortuna, mas ela tinha dito a si mesma: mesmo se eu chorar forte, minhas lágrimas não me trarão nenhum bem, é preciso tratar de ser feliz sem riqueza.
Era uma vez um comerciante que era extremamente rico. Ele tinha seis filhos, três rapazes e três moças e, como esse comerciante era um homem de espírito, ele não poupava nada para a educação de seus filhos e lhes deu todo tipo de professores. Suas filhas eram muito bonitas, mas a mais nova, sobretudo, se fazia admirar, e era chamada, quando pequena, de bela criança; de tal sorte que o nome ficou, o que causava ciúmes às suas irmãs. Essa mais nova, que era mais bela que suas irmãs, era também melhor que elas. As duas mais velhas tinham muito orgulho, porque eram ricas, elas se faziam passar por damas e não aceitavam receber as visitas das outras filhas de comerciantes; precisavam de pessoas de qualidade para sua companhia. Elas iam todos os dias ao baile, ao teatro, ao passeio e se riam da mais nova que empregava a maior parte de seu tempo a ler bons livros. Como se sabia que essas jovens eram muito ricas, muitos grandes comerciantes lhes pediram em casamento, mas as duas mais velhas respondiam que elas não se casariam jamais, a menos que elas encontrassem um duque, ou, pelo menos, um conde. A Bela (porque eu já disse que esse era o nome da mais jovem), a Bela agradecia honestamente aqueles que queriam se casar com ela, mas lhes dizia que era muito jovem e que desejava fazer companhia a seu pai durante alguns anos.
 
De repente, o comerciante perdeu sua riqueza e lhe restou apenas uma pequena casa de campo, bem longe da cidade. Ele disse chorando a seus filhos que eles precisariam se mudar para aquela casa e, se trabalhassem como camponeses, poderiam viver. Suas duas filhas mais velhas responderam que não queriam deixar a cidade e que tinham vários apaixonados que ficariam muito felizes de casar com elas,
 
Il dit en pleurant, à ses enfans, qu’il fallait aller demeurer dans cette maison, et, qu’en travaillant comme des paysans, ils y pourraient vivre. Ses deux filles aînées répondirent qu’elles ne voulaient pas quitter la ville, et qu’elles avaient plusieurs amans qui seraient trop heureux de les épouser, quoiqu’elles n’eussent plus de fortune : les bonnes demoiselles se trompaient ; leurs amans ne voulurent plus les regarder, quand elles furent pauvres. Comme personne ne les aimait à cause de leur fierté, on disait : « elles ne méritent pas qu’on les plaigne, nous sommes bien aises de voir leur orgueil abaissé ; qu’elles aillent faire les dames en gardant les moutons ». Mais en même tems, tout le monde disait : « pour la Belle, nous sommes bien fâchés de son malheur ; c’est une si bonne fille ; elle parlait aux pauvres gens avec tant de bonté ; elle était si douce, si honnête ». Il y eut même plusieurs gentilshommes qui voulurent l’épouser, quoiqu’elle n’eut pas un sou ; mais elle leur dit : qu’elle ne pouvait pas se résoudre à abandonner son pauvre père dans son malheur, et qu’elle le suivrait à la campagne, pour le consoler et lui aider à travailler. La pauvre Belle avait été bien affligée d’abord de perdre sa fortune ; mais elle s’était dit à elle-même : quand je pleurerai bien fort, mes larmes ne me rendront pas mon bien ; il faut tâcher d’être heureuse sans fortune.
 
Quand ils furent arrivés à leur maison de campagne, le marchand et ses trois fils s’occupèrent à labourer la terre. La Belle se levait à quatre heures du matin, et se dépêchait de nétoyer la maison et d’apprêter à dîner pour la famille. Elle eut d’abord beaucoup de peine, car elle n’était pas accoutumée à travailler comme une servante ; mais, au bout de deux mois, elle devint plus forte, et la fatigue lui donna une santé parfaite. Quand elle avait fait son ouvrage, elle lisait, elle jouait du clavecin, ou bien elle chantait en filant. Ses deux sœurs, au contraire, s’ennuyaient à la mort ; elles se levaient à dix heures du matin, se promenaient toute la journée, et s’amusaient à regretter leurs beaux habits et les compagnies. Voyez notre cadette, disaient-elles entr’elles, elle a l’âme basse, et est si stupide qu’elle est contente de sa malheureuse situation. Le bon marchand ne pensait pas comme ses filles. Il savait que la Belle était plus propre que ses sœurs à briller dans les compagnies. Il admirait la vertu de cette jeune fille, et sur-tout sa patience ; car ses sœurs, non contentes de lui laisser faire tout l’ouvrage de la maison, l’insultaient à tout moment.