Anexo:Versões/A Bela e o Monstro: diferenças entre revisões

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O bom homem partiu, mas, assim que chegou ao porto, sofreu um processo pelas mercadorias e, depois de muito sofrer, ficou tão pobre como estava antes. Não faltavam mais de trinta milhas para chegar em casa e ele já se alegrava pelo prazer de rever seus filhos, mas, como ainda faltava transpor um grande bosque, antes de encontrar sua casa, ele se perdeu. Nevava horrivelmente. O vento era tão forte que o derrubou duas vezes de seu cavalo e, a noite chegada, ele pensou que morreria de fome ou de frio ou que seria comido pelos lobos, cujos uivos ouvia ao redor. De repente, olhando através de uma longa aléiaálea de árvores, ele viu uma luz forte, mas que parecia distante. Ele se dirigiu para aquela direção e viu que a luz vinha de um grande palácio todo iluminado. O comerciante agradeceu a Deus pelo socorro que Ele lhe enviava e se apressou a chegar ao castelo. Ele ficou bem surpreso de não encontrar ninguém na entrada. Seu cavalo, que o seguia, vendo um grande estábulo aberto, entrou e, tendo encontrado feno e aveia, o pobre animal, que morria de fome, se lançou a elas com muita avidez. O mercador o amarrou e se dirigiu à casa, onde não achou ninguém. Tendo entrado em uma grande sala, encontrou um bom fogo e uma mesa cheia de carnes onde só havia um lugar. Como a chuva e a neve o haviam molhado até os ossos, ele se aproximou do fogo para se secar, dizendo a si mesmo: O senhor desta casa ou seus empregados me perdoarão a liberdade que tomei e, sem dúvida, virão logo. Esperou por um tempo considerável mas, tendo soado as onze horas sem que ninguém aparecesse, ele não pôde resistir à fome e tomou um frango que engoliu em duas bocadas e tremendo. Bebeu também alguns goles de vinho e, com mais coragem, saiu da sala e atravessou vários grandes apartamentos, magnificamente mobiliados. Ao fim, ele encontrou um quarto onde havia uma boa cama e, como já se passara da meia noite e ele estava esgotado, decidiu fechar a porta e se deitar.
 
 
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Ele voltou para o quarto onde havia dormido e ali encontrou uma grande quantidade de moedas de ouro. Encheu o grande baú do qual a Fera lhe havia falado, o fechou e, tendo retomado seu cavalo que encontrou no estábulo, saiu daquele palácio com uma tristeza igual à alegria que ele tinha quando ali tinha entrado. Seu cavalo encontrou, por si só, um dos caminhos da floresta e, em poucas horas, o bom homem chegou em sua pequena casa. Seus filhos se reuniram ao seu redor mas, em lugar de ser sensível a seus carinhos, o mercador começou a chorar ao olhar para eles. Ele tinha na mão o galho de rosas e o deu a Bela, lhe dizendo: Bela, tome essas rosas, elas custarão bem caro a seu infeliz pai e, em seguida, contou à sua família a funesta aventura por que passara. Ao ouvir a história, suas filhas mais velhas gritaram e injuriaram a Bela que não chorava. Vejam o que produz o orgulho dessa pequena criatura, diziam elas, não podia ter pedido objetos de vestuário como nós? Mas não, a senhorita precisava se distinguir, ela vai causar a morte de nosso pai e não chora. Isso seria inútil, respondeu Bela, porque eu choraria a morte de meu pai? Ele não morrerá. Já que o monstro aceitará uma de suas filhas, eu quero me entregar a toda a sua fúria e eu me sinto feliz por isso, porque ao morrer eu terei a alegria de salvar meu pai e de provar a ele minha ternura. Não, minha irmã, lhe disseram seus três irmãos, você não morrerá, nós iremos encontrar esse monstro e nós pereceremos sob seus golpes, se não pudermos matá-lo. Nem pensem nisso, meus filhos, lhes disse o mercador. O poder dessa Fera é tão grande que não me resta qualquer esperança de a fazer morrer. Eu fico emocionado com o bom coração da Bela, mas eu não quero expô-la à morte. Eu sou velho, não me resta muito tempo para viver, assim, eu só perderei alguns anos de vida e eu não lamento que seja por causa de vocês, meus queridos filhos. Eu asseguro, meu pai, lhe disse Bela, que o senhor não irá a esse palácio sem mim, o senhor não pode impedir que eu o siga. Apesar de ser jovem, eu não sou muito presa à vida e eu prefiro ser devorada por esse monstro que morrer da tristeza que sua perda me traria. Pode-se dizer que Bela realmente queria partir para aquele belo palácio, e suas irmãs estavam encantadas, porque as virtudes de sua irmã mais nova lhe haviam inspirado muito ciúme.
 
O mercador estava tão ocupado da dor de perder sua filha que ele nem pensava no baú que havia enchido de ouro, mas, assim que ele entrou em seu quarto para dormir, se espantou de encontrá-lo aos pés da cama. Ele decidiu não dizer a seus filhos que ele havia se tornado tão rico, porque suas filhas teriam querido retornar a morar na cidade e ele estava resolvido a morrer no campo, mas ele contou o segredo à Bela que lhe contou que, durante sua ausência, alguns cavalheiros haviam chegado e dois deles amavam suas irmãs. Ela pediu a seu pai que as fizesse casar, porque ela era tão boa que as amava e as perdoava de todo seu coração o mal que elas lhe haviam feito. Essas duas jovens más esfregavam os olhos com uma cebola para chorar quando a Bela partiu com seu pai, mas seus irmãos choravam verdadeiramente, tanto quanto o mercador. Somente Bela não chorava, porque ela não queria aumentar a dor deles.
 
O cavalo tomou o caminho do palácio e à noite o viram iluminado, como na primeira vez. O animal entrou sozinho no estábulo e o bom homem entrou, com sua filha, na grande sala, onde encontraram uma mesa magnificamente servida, com dois lugares. O mercador não tinha apetite, mas Bela se esforçando para parecer tranquila, se sentou à mesa e se serviu, e dizia a si mesma: A Fera quer me engordar antes de me comer, porque ela me faz grandes ofertas. Quando acabaram de jantar, ouviram um grande barulho e o mercador, chorando, disse adeus à sua filha, porque pensava que era a Fera. Bela não pode se impedir de estremecer ao ver aquela horrível figura, mas se controlou da melhor forma possível, e o monstro, tendo perguntado se ela havia vindo de boa vontade, ela respondeu, tremendo, que sim. Você é muito boa, disse a Fera, e eu lhe agradeço muito. Bom homem, parta amanhã pela manhã e não tente jamais voltar aqui. Adeus, Bela. Adeus, Fera, ela
 
On eut beau dire, la Belle voulut absolument partir pour le beau palais, et ses sœurs en étaient charmées, parce que les vertus de cette cadette leur avaient inspiré beaucoup de jalousie. Le marchand était si occupé de la douleur de perdre sa fille, qu’il ne pensait pas au coffre qu’il avait rempli d’or ; mais, aussitôt qu’il se fut renfermé dans sa chambre pour se coucher, il fut bien étonné de le trouver à la ruelle de son lit. Il résolut de ne point dire à ses enfans qu’il était devenu si riche, parce que ses filles auraient voulu retourner à la ville ; qu’il était résolu de mourir dans cette campagne ; mais il confia ce secret à la Belle qui lui apprit qu’il était venu quelques gentilshommes pendant son absence, et qu’il y en avait deux qui aimaient ses sœurs. Elle pria son père de les marier ; car elle était si bonne qu’elle les aimait, et leur pardonnait de tout son cœur le mal qu’elles lui avaient fait. Ces deux méchantes filles se frottaient les yeux avec un oignon, pour pleurer lorsque la Belle partit avec son père ; mais ses frères pleuraient tout de bon, aussi bien que le marchand : il n’y avait que la Belle qui ne pleurait point, parce qu’elle ne voulait pas augmenter leur douleur. Le cheval prit la route du palais, et sur le soir ils l’aperçurent illuminé, comme la première fois. Le cheval fut tout seul à l’écurie, et le bon homme entra avec sa fille dans la grande salle, où ils trouvèrent une table magnifiquement servie, avec deux couverts. Le marchand n’avait pas le cœur de manger ; mais Belle s’efforçant de paraître tranquille, se mit à table, et le servit ; puis elle disait en elle-même : la Bête veut m’engraisser avant de me manger, puisqu’elle me fait si bonne chère. Quand ils eurent soupé, ils entendirent un grand bruit, et le marchand dit adieu à sa pauvre fille en pleurant ; car il pensait que c’était la Bête. Belle ne put s’empêcher de frémir en voyant cette horrible figure ; mais elle se rassura de son mieux, et le monstre lui ayant demandé si c’était de bon cœur qu’elle était venue ; elle lui dit, en tremblant, qu’oui. Vous êtes bien bonne, dit la Bête, et je vous suis bien obligé. Bon homme, partez demain matin, et ne vous avisez jamais de revenir ici. Adieu, la Belle. Adieu, la Bête, répondit-elle, et tout de suite le monstre se retira. Ah ! ma fille, lui dit le marchand, en embrassant la Belle, je suis à demi-mort de frayeur. Croyez-moi, laissez-moi ici ; non, mon père, lui dit la Belle avec fermeté, vous partirez demain matin, et vous m’abandonnerez au secours du ciel ; peut-être aura-t-il pitié de moi. Ils furent se coucher, et croyaient ne pas dormir de toute la nuit ; mais à peine furent-ils dans leurs lits que leurs yeux se fermèrent. Pendant son sommeil, la Belle vit une dame qui lui dit : « Je suis contente de votre bon cœur, la Belle ; la bonne action que vous faites, en donnant votre vie, pour sauver celle de votre père, ne demeurera point sans récompense ». La Belle, en s’éveillant, raconta ce songe à son père, et, quoiqu’il le consolât un peu, cela ne l’empêcha pas de jeter de grands cris, quand il fallut se séparer de sa chère fille.
 
Lorsqu’il fut parti, la Belle s’assit dans la grande salle, et se mit à pleurer aussi ; mais, comme elle avait beaucoup de courage, elle se recommanda à Dieu, et résolut de ne point se chagriner, pour le peu de temps qu’elle avait à vivre ; car elle croyait fermement que la Bête la mangerait le soir. Elle résolut de se promener en attendant, et de visiter ce beau château. Elle ne pouvait s’empêcher d’en admirer la beauté. Mais elle fut bien surprise de trouver une porte, sur laquelle il y avait écrit : Appartement de la Belle. Elle ouvrit cette porte avec précipitation, et elle fut éblouie de la magnificence qui y régnait ; mais ce qui frappa le plus sa vue fut une grande bibliothèque, un clavecin, et plusieurs livres de musique. On ne veut pas que je m’ennuie, dit-elle, tout bas ; elle pensa ensuite, si je n’avais qu’un jour à demeurer ici, on ne m’aurait pas fait une telle provision. Cette pensée ranima son courage. Elle ouvrit la bibliothèque, et vit un livre où il y avait écrit en lettres d’or : Souhaitez, commandez ; vous êtes ici la reine et la maîtresse. Hélas ! dit-elle, en soupirant, je ne souhaite rien que de voir mon pauvre père, et de savoir ce qu’il fait à présent : elle avait dit cela en elle-même. Quelle fut sa surprise ! en jetant les yeux sur un grand miroir, d’y voir sa maison, où son père arrivait avec un visage extrêmement triste. Ses sœurs venaient au-devant de lui, et, malgré les grimaces qu’elles faisaient pour paraître affligées, la joie qu’elles avaient de la perte de leur sœur paraissait sur leur visage. Un moment après, tout cela disparut, et la Belle ne put s’empêcher de penser que la Bête était bien complaisante, qu’elle n’avait rien à craindre d’elle. À midi, elle trouva la table mise, et, pendant son dîner elle entendit un excellent concert, quoiqu’elle ne vît personne. Le soir, comme elle allait se mettre à table, elle entendit le bruit que faisait la Bête, et ne put s’empêcher de frémir. La Belle, lui dit ce monstre, voulez-vous bien que je vous voie souper ? — Vous êtes le maître, répondit la Belle en tremblant. — Non, répondit la Bête, il n’y a ici de maîtresse que vous. Vous n’avez qu’à me dire de m’en aller si je vous ennuie ; je sortirai tout de suite. Dites-moi, n’est-ce pas que vous me trouvez bien laid ? — Cela est vrai, dit la Belle, car je ne sais pas mentir ; mais je crois que vous êtes fort bon. — Vous avez raison, dit le monstre, mais, outre que je suis laid, je n’ai point d’esprit : je sais bien que je ne suis qu’une Bête. — On n’est pas Bête, reprit la Belle, quand on croit n’avoir point d’esprit : un sot n’a jamais su cela. — Mangez donc, la Belle, lui dit le monstre ; et tâchez de ne vous point ennuyer dans votre maison, car tout ceci est à vous ; et j’aurais du chagrin, si vous n’étiez pas contente. — Vous avez bien de la bonté, lui dit la Belle. Je vous avoue que je suis bien contente de votre cœur ; quand j’y pense, vous ne me paraissez plus si laid. — Oh dame, oui, répondit la Bête, j’ai le cœur bon, mais je suis un monstre. — Il y a bien des hommes qui sont plus monstres que vous, dit la Belle ; et je vous aime mieux avec votre figure que ceux qui, avec la figure d’hommes, cachent un cœur faux, corrompu, ingrat. — Si j’avais de l’esprit, reprit la Bête, je vous ferais un grand compliment pour vous remercier ; mais je suis un stupide, et tout ce que je puis vous dire, c’est que je vous suis bien obligé.