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{{c|CAPÍTULO PRIMEIRO.}}
 
{{c|''Como Cândido foi criado num belo castelo & como foi expulsochaçado de lá.''}}
 
{{justificado|Havia em Vestfália, no castelo do sr. barão Thunder-ten-tronckh, um rapaz a quem a natureza doou as maneiras mais doces. Seu semblante anunciava sua alma. Ele tinha o juízo assaz direito, com o mais simples espírito; é, eu creio, por esta razão, que chamava-se-o ''Cândido''. Os anciões domésticos da casa suspeitavam de que ele era filho da irmã do sr. barão & dum cavalheiro bom & honesto da vizinhança, que esta donzela quis jamais esposar, porque ele não pudera provar que setenta & um bairros & que o restante de sua árvore genealógica foram perdidos pela injúria do tempo.
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Pangloss ensinava metafísico-teólogo-cosmolonigologia. Ele provou admiravelmente que não há efeito sem causa & que, neste melhor dos mundos possíveis, o castelo do senhor barão era o mais belo dos castelos, & Senhora, a melhor das baronesas possíveis.
 
Está demonstrado, ele dizia, que as coisas não poderiam ser outramente: pois tudo foi feito para um fim, tudo existe necessariamente para o melhor fim. Nota bem que os narizes foram feitos para portar óculos, logo nós usamos óculos. As pernas são visivelmente instituídas para serem vestidas, & nós temos calças. As pedras foram feitas para serem talhadas e para construir castelos; logo, o monsenhor tem um castelo muito bonito; o maior barão da província deve ser o melhor anfitrião: & os porcos foram feitos para serem comidos, nós comemos carne de porco o ano todo: por conseguinte, aqueles que proporamavançaram que tudo éestá bombem, disseram uma tolice: deviam dizer que tudo éestá ao melhor.
 
Cândido ouvia atentamente & acreditava inocentemente; pois ele achava Senhorita Cunegundes extremamente bela, embora ele jamais tevetivesse a ousadiacoragem de dizer-lhe-o. Ele concluía que, depoisapós daa felicidade de haver nascido barão de Thunder-ten-tronckh, o segundo grau de felicidade era de ser Senhorita Cunegundes, o terceiro, de vê-la todos os dias & o quarto, d’ouvir Mestre Pangloss, o maior filósofo da província &, por conseguinte, de tod’a Terra.
 
Um dia, Cunegundes, enquanto caminhavapasseava perto do castelo, no pequeno bosque que elesse chamavam deapelava parque, viu entre uns arbustos o dr.doutor Pangloss, que dava uma lição de física experimental à arrumadeira de sua mãe, pequena morena mui bonita & mui dócil. Como Senhorita Cunegundes tinha muita disposição par’as ciências, ela observou, sem suspirarsuflar, as experiências reiteradas das quais foi testemunha; viu claramente a razão suficiente do doutor, os efeitos & as causas: & retornou toda agitada, toda pensativa, toda repleta do desejo de ser sábia; sonhando que poderia bem ser a razão suficiente do jovem Cândido, que podia também ser a sua.
 
Ela reencontrou Cândido em retornorevinda ao castelo & se avermelhouenrubesceu; Cândido se avermelhouenrubesceu também; ela lhe disse bom-dia com uma voz interrompida, & Cândido lhe respondeufalou sem saber o que ele dizia. No dia seguinte após o jantar, enquanto se saía de mesa, Cunegundes & Cândido se encontravam atrásdetrás dumum biombo; Cunegundes deixou cair o lenço, Cândido o apanhou, ela lhe estendeu inocentemente a mão, o moço beijou inocentemente a mão da moça com uma vivacidade, uma ternura, uma graça, todas particulares; suas bocas se encontraram, seus olhos se inflamaram, seus joelhos tremeram, suas mãos se desviaram. O senhor barão de Thunder-ten-tronckh passou próximo ao biombo &, vendo aquela causa & aquele efeito, expulsouchaçou Cândido do castelo a pontapés no traseiro; Cunegundes desmaiou; ela foi insufladasuflada pela senhora baronesa assim que reviera a si, & tudo ficou consternado no mais belo & mais agradável dos castelos possíveis.}}