Artigo de Euclides da Cunha de 1º de setembro de 1897: diferenças entre revisões

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Percebi entretanto alguns traços caracteristicos, frisando os aspectos principais desta vegetação interessante.
 
Á constituição geológica do solo e as condições metereológicasmeteorológicas explicam-na de maneira notável. O terreno resume-se numa camada terciária de grez, tenuíssima, ás vezes, posta como uma capa ligeira e inconsistente sobre as rochas antigas que afloram em muitos pontos, definidas por um gneiss do aspecto belíssimo sulcado caprichosamente pelas linhas do um feldspato côr de carne, ligeiramente desmaiada. As chuvas embebem durante algum tempo este solo a um tempo poroso e impermeável antes de descerem ás camadas subjacentes. Prolongam-se, porém, muitas vezes, as secas e entre um chão inteiramente seco e uma atmosfera cuja humidade é insignificante, a vegetação reflete singularmente a inclemência do meio.
 
E o que se sente observando esta multidão de árvores pequenas, diferenciadas em galhos retorcidos e quase secos, desordenadamente lançados a todas as direções, cruzando-se, traçados, num acervo caótico de ramos quase desnudados — é como um bracejar de desespero, a pressão, de uma tortura imensa e inexorável.