Obras poeticas de Ignacio José de Alvarenga Peixoto (1865)/Conselhos a meus filhos: diferenças entre revisões

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|obra = Conselhos a meus filhos
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«Figurão tambem n’esta collecçâo, em ultimo lugar, as sextilhas ''Conselhos a meus filhos''. É bem sabido que essa composição impressa no ''Parnaso brasileiro'' e attribuida a [[Autor:Alvarenga Peixoto|Alvarenga Peixoto]], é antes producção de sua esposa D. [[Autor:Bárbara Heliodora|Barbara Heliodora]], a celebre poetisa, de quem apenas nos restão esses poucos versos.» <ref>[[Autor:Joaquim Norberto de Souza e Silva |SILVA, Joaquim Norberto de Souza e]]. Advertencia sobre a presente edição. ''In'': _____ (Org.). ''Obras poeticas de Ignacio José de Alvarenga Peixoto''. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1865. [[Página:Obras poeticas de Ignacio José de Alvarenga Peixoto (1865).djvu/20|p. 14]].</ref>
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<poem>
[[Categoria:Poesia brasileira]]
Meninos, eu vou ditar
[[Categoria:Obras poeticas de Ignacio José de Alvarenga Peixoto (1865)]]
As regras do bem viver,
[[Categoria: Bárbara Heliodora]]
Não basta somente ler,
É preciso ponderar,
Que a lição não faz saber,
Quem faz sábios é o pensar.
 
Neste tormentoso mar
D'ondas de contradições,
Ninguém soletre feições,
Que sempre há de enganar;
Das caras a corações
Há muitas léguas que andar.
 
Aplicai ao conversar
Todos os cincos sentidos,
Que as paredes têm ouvidos
E também podem falar:
Há bichinhos escondidos,
Que só vivem de estudar.
 
Quer quer males evitar
Evite-lhe a ocasião
Que os males por si virão,
E antes que ronque o trovão,
Manda a prudência ferrar.
 
Não vos deixei enganar
Por amigos, nem amigas,
Rapazes e raparigas
Não sabem mais que asnear;
As conversas e as intrigas
Servem de precipitar.
 
Sempre que vos deveis guiar
Pelos antigos conselhos,
Quem dizem que os ratos velhos
Não há modo de os caçar;
Não batam ferros vermelhos,
Deixem um pouco esfriar.
 
Se é tempo de professar
De taful o quarto voto,
Procura capote rôto,
Pé de banco de bilhar,
Que seja sábio pilôto
Nas regras de calcular.
 
Se nos mandarem chamar,
Para ver uma função,
Respondei sempre que não,
Que tendes em se cuidar:
Assim se entende o rifão:
Quem está bem deixa-se estar.
 
Deveis-vos acautelar
Em jogos de paro e topo
Prontos em passar o copo
nas angolinhas do azar:
Tais as fábulas de Esopo,
Que vós deveis estudar.
 
Quem fala, escreve no ar,
Sem por vírgulas nem ponto,
E pode quem conta os contos,
Mel pontos acrescentar;
Fica um rebanho de tontos
Sem nenhum adivinhar.
 
Com Deus e o rei não brincar,
É servir e obedecer,
Amar por muito temes,
Mas temer por muito amar,
Santo temor de ofender
A quem se deve adorar!
 
Até aqui pode bastar,
Mas havia que dizer,
Mas eu tenho que fazer,
Não me posso demorar,
E quem sabe discorrer
Pode o resto adivinhar
</poem>
 
[[Categoria: Bárbara Heliodora]]