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Revisão das 17h29min de 10 de abril de 2019

54 NEGRINHA

do capataz. Corremos todos os caminhos, varejamos grotas em todas as direcções — inutilmente. Caiu a tarde. Caiu a noite—a noite mais lugubre da minha vida — noite de desgraça e afficção. Não dormi. Impossivel conciliar o somno naquelle ambiente de dôr, sacudido de chôro e soluços. Certa hora os cães latiram no terreiro, mas silenciaram logo. Rompeu a manhã, glacial como a da vespera. Tudo appareceu geado, novamente. Veiu o sol. Repetiu-se a mutação de scena. Esvaiu-se a alvura e o verde torrado da vegetação envolveu a paizagem num sudario de desalento. Em casa repetiu-se o corre-corre do dia anterior — o mesmo vae-vem. os mesmo "quem sabe ?", as mesmas pesquizas inuteis.

A' tarde, porém, — tres horas — um camarada appareceu esbaforido, gritando de longe. no terreiro:

— Encontrei ! Está perto da bossoroca !...

— Vivo ? perguntou o capataz.

— Vivo, sim, mas...