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Em nuvens, fragaredos e relampagos!
Invoco essa Princeza que meu peito
Abrazou de paixão, e aquele dia
Em que eu saí, alegre e satisfeito,
A correr Aventuras pelo mundo!...
Vejo meu sonho antigo de Beleza!
A noite em que velei as minhas armas
Ao Amôr consagradas e á defesa
Da Mulher, da Creança e dos Humildes!


«Ó poder de invocar! Suprema Força
Que ergue os mortos das campas, mal lhes toca!
E o proprio mar, em altas nuvens, corre
Para a sêde da terra que o invoca...
Ó poder de invocar! Suprema Força!
Humana divindade!...»


 E o Cavaleiro,
Mais triste emudecêra, como um vulto
Que se vae afundando em nevoeiro...


E Marános então: «Eu sou aquele
Que abre os olhos, orando, á luz dos céus...
Creatura das árvores, eu vivo
Creando o Sêr espiritual de Deus!
Tenho no coração toda a Paisagem
Que d'estes altos montes se descobre...
Reára em mim: Não vês a minha imagem
Moldada em terra e névoa e sombras de árvores?...
Já vivi na cidade em outros tempos.
E se fugi dos homens para a Serra,

É porque eles (ai d'eles!) se afastáram