Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/56: diferenças entre revisões

555: split
(Sem diferenças)

Revisão das 13h19min de 14 de outubro de 2020

— Que diabo tens tu, Teodósio?

— O dinheiro, Cabeleira, o dinheiro!

E o pardo, com o semblante desfigurado por uma dor profunda, apontou o rio que suavemente discorria por entre o deserto, mobilizando as águas azuladas em que se refletia o belo céu pernambucano que disputa a primazia ao céu de Itália.

— O dinheiro que tirei das gavetas do armazém lá se foi no camarote da canoa! disse o Teodósio, fulo de pesar que se não descreve.

— E que fim levou ela? interrogou José.

— Fugiu, desapareceu! Lá se foi tudo pela água abaixo.

Não acabava quando, ei-la que aponta movida por dois meninos que, tendo ido encher os potes no rio, se haviam apoderado dela para brincarem como costumavam sempre que davam com alguma canoa sem dono. Pobres crianças!

Tanto que os viu, Teodósio empalideceu. Cabeleira porém correu a encontrá-los aceso em ira, gritando e ralhando como louco. Amedrontados, saltaram na margem os pobrezinhos, e fugiram, ao passo que a canoa, ficando solta, desaparecia novamente impelida pela enchente da maré.