Os Trabalhadores do Mar/Parte I/Livro III/VII: diferenças entre revisões

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|obra=[[Os Trabalhadores do Mar]]
|autor=Victor Hugo
|tradutor=Machado de Assis
|anterior=[[Os Trabalhadores do Mar/Parte I/Livro III/VI|Capítulo VI]]
|posterior=[[Os Trabalhadores do Mar/Parte I/Livro III/VIII|Capítulo VIII]]
|seção=O mesmo padrinho e a mesma padroeira
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Depois de criar o vapor, Lethierry batizou-o, deu-lhe o nome de Durande. Não lhe daremos daqui em diante senão este nome. Seja-nos lícito igualmente, qualquer que seja o uso tipográfico, escrever Durande sem ser em grifo, conformando-nos nisto ao pensamento de Mess Lethierry, para quem Durande era quase uma pessoa.
 
Durande e Déruchette é o mesmo nome. Déruchette é o diminutivo.
 
É muito usado esse diminutivo no oeste da França.
 
No campo, os santos tem muitas vezes o seu nome com todos os diminutivos e aumentativos. Parece que há muitas pessoas e é só uma. Esta identidade de padroeiros e padroeiras com diferentes nomes não é rara; Lise, Lisette, Lisa, Elisa, Isabel, Lisbeth, Betsy, tudo isto é Elisabeth. É provável que Mahout, Machut, Malo e Magloire sejam o mesmo santo.
 
Mas não fazemos cabedal disso.
 
Santa Durande é uma santa de Angournois e da Charente. Será correto? Isso é lá com os bolandistas. Correto ou não, esta santa tem muitas igrejas. Estando em Rochefort, e sendo ainda rapaz, Lethierry tomou conhecimento com aquela santa, provàvelmente na pessoa de alguma formosa charentesa, talvez a rapariga das unhas bonitas. Restou-lhe recordação bastante para dar aquele nome às duas coisas que ele amava; Durande à Galeota, Déruchette à menina.
 
Lethierry era pai de uma e tio da outra.
 
Déruchette era filha de um irmão que ele teve. Morreram-lhe os pais. Lethierry adotou a criança e substituiu o pai e a mãe.
 
Déruchette não era somente sobrinha, era também afilhada de Lethierry. Foi ele quem a levou à pia, dando-lhe por padroeira Santa Durande, e por nome Déruchette.
 
Déruchette, já o dissemos, nasceu em Saint-Pierre-Port. Estava inscrita no registro da paróquia.
 
Enquanto a sobrinha foi criança e o tio pobre, ninguém se importou com o nome Déruchette; mas, quando a mocinha chegou a miss e o marinheiro a gentIeman, Déruchette começou a desagradar a todos. Perguntavam a Mess Lethierry: Por que lhe dá esse nome?
 
É um nome assim &mdash; respondia ele.
 
Tentaram mudar-lhe o nome. Lethierry não quis. Uma senhora da alta sociedade de Saint-Sampson, mulher de um ferreiro abastado, e que já não trabalhava, disse um dia a Mess Lethierry: &mdash; Daqui em diante chamarei Nancy à sua filha.
 
&mdash; Por que não lhe chamará Lons-le-Saulnier? &mdash; disse ele.
 
A bela senhora não desistiu e, no dia seguinte, disse-lhe: &mdash; Decididamente, não queremos que ela se chame Déruchette.
 
Achei um lindo nome: Marianne.
 
&mdash; Lindo nome, realmente &mdash; disse Mess Lethierry&mdash;, mas composto de dois animais bem ruins, um mari (marido) e um âne (asno).
 
Lethierry manteve o nome de Déruchette.
 
Enganar-se-ia aquele que concluísse pelas últimas palavras de Lethierry que ele não queria casar a sobrinha. Queria casá-la, decerto, mas ao seu modo. Queria um marido da sua têmpera, muito trabalhador, de maneira que Déruchette não fizesse nada.
 
Gostava das mãos tostadas do homem e das mãos alvas da mulher.
 
Para que Déruchette não estragasse as lindas mãos que tinha, dava-lhe ocupações elegantes, mestre de música, piano, biblioteca, e bem assim alguma linha e agulhas em uma cestinha de costura.
 
Déruchette lia mais do que cosia, cantava e tocava mais do que lia. Mess Lethierry queria isso mesmo. Não lhe pedia nada mais que o encanto e a fascinação. Educou-a mais para ser flor do que para ser mulher. Quem tiver estudado os marinheiros há de compreender isto. As rudezas amam as delicadezas. Para que a sobrinha realizasse o ideal do tio, era preciso que fosse opulenta. Era isso o que Mess Lethierry compreendia perfeitamente. A máquina do mar trabalhava com esse fim. Durande devia dotar Dértichette.
 
[[Categoria:Os Trabalhadores do Mar]]