Eu (Augusto dos Anjos, 1912)/Mater: diferenças entre revisões

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[[Categoria:Texto rubricado pelo autor em 1905]]
Como a crisálida emergindo do ovo
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Para que o campo flórido a concentre,
 
Assim, oh! Mãe, sujo de sangue, um novo
 
Ser, entre dores, te emergiu do ventre!
 
E puseste-lhe, haurindo amplo deleite,
 
No lábio róseo a grande teta farta
 
- Fecunda fonte desse mesmo leite
 
Que amamentou os éfebos de Esparta -
 
Com que avidez ele essa fonte suga!
 
Ninguém mais com a Beleza está de acordo,
 
Do que essa pequenina sanguessuga,
 
Bebendo a vida no teu seio gordo!
 
Pois, quanto a mim, sem pretensões, comparo,
 
Essas humanas coisas pequeninas
 
A um biscuit de quilate muito raro
 
Exposto ai, á amostra, nas vitrinas.
 
Mas o ramo fragílimo e venusto
 
Que hoje nas débeis gêmulas se esboça,
 
Há de crescer, há de tornar-se arbusto
 
E álamo altivo de ramagem grossa.
 
Clara, a atmosfera se encherá de aromas,
 
O Sol virá das épocas sadias.
 
E o antigo leão, que te esgotou as pomas,
 
Há de beijar-te as mãos todos os dias!
 
Quando chegar depois tua velhice
 
Batida pelos bárbaros invernos,
 
Relembrarás chorando o que eu te disse,
 
À sombra dos sicômoros eternos!
 
''([[Eu (Augusto dos Anjos)|Eu]], 49)''
 
[[Categoria:Pré-Modernismo]]
[[Categoria:Augusto dos Anjos]]
[[Categoria:1912Poesia brasileira]]