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Edição atual desde as 23h01min de 6 de dezembro de 2020

A linguagem da Crônica de Guiné, por Gomes Eannes de Azurara, o primeiro historiador dos descobrimentos dos Portugueses, em África, e dos feitos do infante D. Henrique, é um Português ainda pela aventura mais correto e depurado do que o dos dois precedentes documentos. Azurara, que escreveu no reinado de D. Afonso V, filho e sucessor de D. Duarte, mereceu a justo título ser elogiado por João de Barros como um escritor de mérito.

A língua começava então a adquirir o necessário polimento, porque o Português de todos esses documentos já é um Português puro com todos os seus principais idiotismos, orações do particípio na ordem inversa, infinitivos pessoais, e inversões frequentes.

As terminações agalegadas dos verbos em ades, ade, edes, ede, ides, ide, do tempo do rei D. Dinis, já se acham neles aportuguesadas em ais, ai, eis, ei, is, i, com alguma leve diferença apenas da ortografia que seguimos hoje. A apreciação dos escritos do século XV, ou se atenda ao torneio da frase, ou à estrutura do período, revela da parte de seus autores um grande e apurado estudo da língua latina.

Deram-se, no fim deste século, acontecimentos de ordem tal, que, elevando a seu auge a glória de Portugal e Espanha, mudaram inteiramente a face do mundo. Em 1487, no reinado do rei D. João II, passou Bartolomeu Dias além do Cabo da Boa Esperança. Em 1493, descobriu, Cristovão Colombo, a América.