Página:Curso de litteratura portugueza e brazileira (Sotero dos Reis, 1866, v 1).djvu/66: diferenças entre revisões

555: split
 
(Sem diferenças)

Edição atual desde as 23h02min de 6 de dezembro de 2020

por vezes, grandioso, é parte para que ainda hoje o leiamos com prazer e interesse. Foi o primeiro escritor que deu à prosa portuguesa número, harmonia e majestade ou a forma mais conveniente. Para chegar a esse resultado, grande e profundo conhecedor devia ele ser do idioma que tão eloquentemente manejava.

Mas nenhum deles prestou tantos serviços à língua como Camões, o maior gênio do seu século e um dos maiores dos tempos modernos, porque nenhum lhe deu, como ele, tanta riqueza de expressão, tanta elegância, elevação, majestade, flexibilidade e graça. A língua portuguesa é, nas mãos de Camões, um instrumento perfeito, que se adapta a todos os tons. Nenhum dos poetas, que o precederam, manejou-a tão bem como ele. Nem podia deixar de ser assim, porque o seu imortal poema é uma enciclopédia, como a de Homero e como a de Dante⁵¹, a qual compreende toda poesia, toda história, toda ciência do século em que ele viveu.

Camões foi quem fixou o Português pela força de seu gênio, assim como Homero fixou o Grego e Dante, o Italiano. Tanto é assim, que o Português dos seus Lusíadas, publicados há coisa de três séculos, é ainda o mesmo Português culto em que hoje nos exprimimos, com exceção apenas dos termos poéticos.

Resta acrescentar que a língua, que vedes definitivamente fixada pelo maior poeta português, acompanhou sempre o progresso da literatura, que nunca floresceu