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Edição atual desde as 23h02min de 6 de dezembro de 2020

tanto como no século XVI, pois, além do que ficam citados, muitos foram os poetas e prosadores, que a enriqueceram com seus escritos na segunda metade desse século. As letras acompanharam pelo seu turno o engrandecimento da nação portuguesa, que era então senhora de todo o comércio do Oriente e possuidora de vastos territórios e importantes cidades em África e Ásia, bem como do Brasil que começava a provar-se. A religião Católica Romana tinha sido levada pelos missionários portugueses não só a África e a América, mas até as mais remotas partes da Ásia e Oceania; e a literatura florescia também como a religião, porque os missionários aprendiam as línguas orientais no intuito de propagar a fé. Portugal havia, em suma, atingido o maior auge de sua glória política e literária; e o século XVI foi com razão chamado a sua idade de ouro.

Em breve, porém, começará ele a decair de tamanho esplendor e as letras com ele, pela fraqueza dos sucessores dos dois grandes reis D. João II e D. Manuel I. O período que se seguiu ao de tanta glória, preludiado pela desastrosa jornada de África, na qual o inexperiente e infeliz rei D. Sebastião sepultou consigo a flor da nobreza do reino, foi até um dos mais aflitivos para a nação portuguesa que se viu sujeita ao domínio estrangeiro e perdeu quase todas as suas conquistas. Não se antecipem podem os fatos.

Devo por aqui termo ao meu discurso, para continuar com a mesma matéria nas preleções seguintes.