Uma Campanha Alegre/II/XVIII: diferenças entre revisões

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[[Categoria:Uma Campanha Alegre|Volume II, Capítulo 18]]
 
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XVIII
 
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Ou conhecemos muito pouco a essência do catolicismo — ou não nos parece que os srs. eclesiásticos possam estar legitimamente e segundo a lei da. Igreja, num lugar onde um homem toma nos braços uma mulher, e a arrebata através da sala, roçando-lhe as pontas dos bigodes no calor do colo nu.
 
Da tradição dos Padres e dos Santos não
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consta que as piedosas e místicas figuras, desses
 
Homens do Espírito, fossem vistas jamais por entre o rumor lânguido dos violoncelos e o palpitar amoroso dos leques... De S. Bernardo sabemos que vivia em
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Graça. De S. Domingos sabemos que, descalço e esfarrapado, na santa ferocidade da sua fé, pregava e impelia uma cruzada contra os hereges do Languedoc: que vendia os seus livros para comprar lenha aos mendigos: e que um dia, para socorrer uma mulher pobre, como já não tinha dinheiro — se quis vender a si como escravo. Do poético S.
 
Francisco de Assis sabemos que renegou as suas riquezas, viveu muito tempo num buraco, e partiu a peregrinar as terras, beijando as árvores dos caminhos, falando aos pássaros que lhe voavam em roda — e espalhando sobre todos os seres, flores, rochas, feras, o amor divino que o enchia! Está assim a lenda dos santos cheia de renunciamentos místicos e de uma intratável hostilidade aos regalos. E de nenhum se conta — que fosse espairecer do serviço de Deus para um bufete
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resplandecente de baixelas, entre champanhe e perdizes trufadas.
 
A teologia nos ensina, que nunca o sacerdote deve arredar um só momento o seu espírito da contemplação de Deus e da meditação da Graça. Ora não é natural que SS.
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A nós outros, homens pecadores e perdidos, não causa já grandes estremecimentos a presença da beleza mortal: estamos acostumados, pela educação, às glórias do decote. Também nos não perturba o demónio cor de opala que faísca no champanhe. Conhecemos Satanás em todas as edições. Para nós um colo decotado não é
 
Deu-se um facto equivoco no sarau do Paço, oferecido ao Imperador : — e foi que, segundo as mais verídicas informações, numerosos srs. eclesiásticos assistiram ao concerto do Paço. a misteriosa fatalidade do mal — é o pescoço da srª fulana, casada com o conselheiro
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sicrano: e o champanhe, sobretudo o do Paço, é uma triaga feita com aguapé de Bucelas.
 
Mas para VV. S.as , educados no isolamento e no regime do seminário, amarrados pelos votos tirânicos, emergidos da frieza da sacristia, fatigados do breviário... Ah, para VV.
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A verdade — aqui entre nós — é que VV. S.as podem, ao subir para as festas, dar ao criado os seus paletós a guardar; mas não lhe podem dar a guardar — os seus votos. Ora votos, por mais fortes que sejam, se os passearem entre ombros nus, se os fizerem encostar ao bufete sobre os aromas do ''Madeira,'' se os deixarem cismar aos compassos de Strauss, terminam sempre por lhes acontecer o que acontece às casas comerciais que abusam das festas — quebrar!
 
Se, porém, sucedeu que VV. S.as foram ao concerto porque Sua Majestade
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Sua Majestade
 
[[Categoria:Uma Campanha Alegre|Volume II, Capítulo ]]