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Pastoral aos crentes do amor e da morte
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VII

Minh’alma é a torre de uma egreja:
Passa de lucto o sacristão...
A coruja que nella adeja
E’ o meu proprio coração.

E o sacristão que nunca dorme
(E’ um esqueleto que não conheço.)
Sobe a escadaria enorme
Que não tem fim nem tem começo.

Sobe e põe-se lá de cima,
Como dolente trovador que é,
A dizer versos onde a rima
E’ a uncção de um peito cheio de fé.

São psalmos tristes, mortuarios,
Profundas preces de penitencia.
Surgem imagens de calvarios,
No fim de cada uma existencia.