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Alphonsus de Guimaraens

Matinas, vesperas, completas,
Soluçam na sua voz.
Seguem-se horas de silencio, inquietas,
De uma agonia atroz.

E o sacristão, todo de preto,
Beija o retrato de uma dama.
E’ bem gentil este esqueleto
Fazendo um gesto de quem ama.

Só neste instante é que, fitando
Os finos ossos que Deus me deu,
Me reconheço no miserando
Espectro vil: sou eu! sou eu!

Quando morre quem quer que seja,
O sacristão põe-se a rezar.
Minh’alma é a torre de uma egreja,
Que tem um sino sempre a dobrar...