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Edição atual desde as 13h29min de 25 de setembro de 2021

Henrique Lins

ção será acolhida com sorriso. Quando há 12 anos disse que as máquinas aéreas seriam importantíssimas para o desenvolvimento das guerras futuras, toda a gente teve igualmente tais gestos e tais sorrisos... Os militares contradiziam-me, considerando o aeroplano como um joguete, e resistiram ao meu propósito de discutir seriamente o assunto. Considera-se, agora, pelos acontecimentos posteriores, a inapreciável utilidade que o aeroplano alcançou nos exércitos. Na presente guerra, a aviação revolucionou os processos. A grande importância da cavalaria desapareceu”[1].

Do Chile partiu para o Brasil, passando por diversas cidades: Foz de Iguaçu, Ponta Grossa, Curitiba, Paranaguá, São Paulo... Viajava. Em 1917, estando no Rio de Janeiro, visitou a Escola de Aviação Naval, na Ilha das Enxadas. Viu como aos poucos o Brasil ingressava na era da aviação. No ano seguinte construiu em Petrópolis, na rua do Encanto nº 22, uma pequena casa a que deu o nome de “A Encantada”. Lá escreveu o seu livro “O que eu vi, o que nós veremos”, onde tece considerações sobre os caminhos da aviação.“Prevíamos que os aeronautas poderiam, talvez, no futuro, servir de esclarecedores para os Estados Maiores dos exércitos, nunca, porém, nos veio a idéia de que eles pudessem desempenhar funções destruidoras nos combates”[2].

Em 1922, Sacadura Cabral e o Almirante Gago Coutinho realizam um vôo magistral. Os dois portugueses refazem a saga dos descobrimentos e realizam o “achamento” do Brasil pelo ar. Uma perigosa travessia, realizada com uma coragem rara, mostrava que o avião podia atravessar o Atlântico Sul. Santos Dumont saudou os dois intrépidos aviadores, mas estava em Paris, a convite do Aeroclube da França. Escreveu a seu amigo Antônio Prado Júnior: “Este meu querido Paris está sempre bom! Todos têm sido amabilíssimos comigo. Hoje vou assistir a final do campeonato da França de Tênis: Cochet-Samaze...(?) e Lenglend-Golding. A Lenglend está jogando maravilhosamente. Eu tenho jogado com a Broquetis e outras belas. Recomendações a D. Eglatina. Saudades. Santos Dumont. PS. Partirei pelo ‘Lutetia’ a 29 de julho”[3].

Mas os anos que se seguem não são tão felizes. Santos Dumont começa a se queixar de seus nervos. Em várias correspondências ele se refere ao estado debilitado que se encontra. Parece estar entrando num desespero con-

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  1. Idem. P. 163-169.
  2. Santos Dumont, Alberto. 1918. O que eu vi o que nós veremos. Edição do Autor. Petrópolis. 100pp. P.6.
  3. Fonseca, Godin. 1956. Santos Dumont. 3a. Edição. Liv. São José. RJ. 355pp. P. 304