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Edição atual desde as 18h20min de 25 de setembro de 2021

Henrique Lins

Condor e batizado com o seu nome, decolou levando a bordo vários professores da Escola Politécnica. O avião deveria sobrevoar o Cap Arcona, lançar flores e uma mensagem de boas vindas: “A escola politécnica saúda alegremente Santos Dumont com um punhado de flores lançadas no espaço que ele conquistou... Do alto do hidroavião que tem seu glorioso nome, precedendo a recepção que lhe preparou o povo da capital do Brasil, vimos apresentar, ao grande brasileiro que realizando a conquista dos ares elevou o nome da Pátria no estrangeiro, os nossos votos de boas vindas. Tobias Moscoso, Amauri de Medeiros, F. Laboriau, Frederico Oliveira Coutinho, M. Amoroso Costa, Paulo de Castro Maia.”

O hidroavião, entretanto, espatifou-se nas águas da Baía da Guanabara para desespero de Santos Dumont. Nenhum sobrevivente. Ainda assim o inventor participou de algumas homenagens, visitou a Escola de Aviação Militar, no Campo dos Afonsos, e apresentou, no Museu Nacional, suas derradeiras invenções. Mas logo regressou à Europa.

Em 11 de dezembro de 1929 foi promovido ao grau de Grande Oficial da Legião de Honra da França. Um filme sonoro registrou seu discurso, realizado quando da entrega da condecoração, no dia 10 de junho de 1930, durante um banquete organizado pelo Aeroclube da França no Hotel Claridge. Sua imagem, entretanto, não esconde seu estado de saúde. As notícias que chegavam da Europa eram bastante preocupantes. Santos Dumont encontrava-se internado numa casa de saúde em Préville, na França. Preocupada, a família decidiu trazê-lo para o Brasil a fim de poder dar maior atenção. Em junho de 1931 chegou ao Brasil. Seu desembarque no porto do Rio de Janeiro foi acompanhado por alguns repórteres. “Em silêncio hierático, os braços tombados indiferentemente, olhava absorto para o tumulto ambiente. Alongava o olhar para o mar e para o céu. Enfermo e em silêncio, desembarcou do Lutetia ao largo, para fugir às emoções da aclamação popular. As pessoas de sua família, que o rodeavam, pediram-nos encarecidamente que nos abstivéssemos até de cumprimentá-lo. Olhamos Santos Dumont. Sempre a sua fina sensibilidade. Santos Dumont chorava... e foi chorando que desceu, de braço com seus sobrinhos, a escada de bordo”[1].

Mas a Revolução de 32 irrompe e o avião aparece no cenário das batalhas. Para ele, que se encontrava “doente dos nervos” há tantos anos, o uso

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  1. Idem. P. 195.