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{{navegar
|autor=Álvares de Azevedo
|obra=Meu anjo
|seção=[[Lira dos Vinte Anos]] — [["Spleen" e charutos]]
|notas=
}}
<poem>
▲Meu anjo tem o encanto, a maravilha
▲Da espontânea canção dos passarinhos;
▲Tem os seios tão alvos, tão macios
Como o pêlo sedoso dos arminhos.
Triste de noite na janela a vejo
E de seus lábios o gemido escuto
É leve a criatura vaporosa
Como a frouxa fumaça de um charuto.
Parece até que sobre a fronte angélica
Um anjo lhe depôs coroa e nimbo...
Formosa a vejo assim entre meus sonhos
Mais bela no vapor do meu cachimbo.
Como o vinho espanhol, um beijo dela
Entorna ao sangue a luz do paraíso.
Dá morte num desdém, num beijo vida
E celestes desmaios num sorriso!
Mas quis a minha sina que seu peito
Não batesse por mim nem um minuto,
E que ela fosse leviana e bela
Como a leve fumaça de um charuto!
</poem>
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