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{{navegar
|obra=[[Poemas Malditos]]
|autor=Álvares de Azevedo
|obra=Luar de verão
|seção=[[Lira dos Vinte Anos]] — [["Spleen" e charutos]]
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}}
 
<poem>
;LUAR DE VERÃO
O que vês, trovador? - Eu vejo a lua
 
Que sem lavor a face ali passeia...
O que vês, trovador? - Eu—Eu vejo a lua
No azul do firmamento inda é mais pálida
Que sem lavor a face ali passeia...;
No azul do firmamento inda é mais pálida
Que em cinzas do fogão uma candeia.
 
O que vês, trovador? - No—No esguio tronco
Vejo erguer- se o chinó de uma nogueira...
Além se entorna a luz sobre um rochedo,
Tão liso como um pau de cabeleira.
 
Nas praias lisas a maré enchente
S'espraia cintilante d'ardentia...
Em vez de aromas as douradasdoiradas ondas
Respiram efluviosa maresia!
 
O que vês, trovador? - No—No céu formoso
Ao sopro dos favônios feiticeiros
Eu vejovejo—e - e treinotremo de paixão ao vê-las -las—
As nuvens a dormir, como carneiros.
 
E vejo além, na sombra do horizonte,
Como viúva moça envolta em luto,
Brilhando em nuvem negra estrela viva
Como na treva a ponta de um charuto.
 
Teu romantismo bebo, ó minha lua,
A teus raios divinos me abandono,
Torno- me vaporoso..., e só de ver- te
Eu sinto os lábios meus se abrir de sono.
 
 
</poem>
 
[[Categoria:LiraPoemas dos Vinte AnosMalditos|S]]