A Ortografia de Nossa Língua (pela simplificação ortográfica): diferenças entre revisões

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<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Depois, o homem de antes - o brasileiro de 1833, por exemplo - não encontrava tanta complicação em que se educar. Tinha diante de si uma área menor de campo científico, uma quantidade modesta de disciplinas, uma carga forte de clássicos, com latim, muito latim. A vida nacional era mais ou menos estanque. Ele não tinha as solicitações veementes e diversas, da sociedade moderna. Tudo ajudava, no aprofundamento, a quem desejava aprender a língua.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Com o século 19, o homem adoeceu de obsessão científica. O estudo das humanidades perturbou-se. O gosto dos clássicos diminuiu. E o comércio deles também. Começou a realizar-se aquele anseio do poeta, que indagava:</p>
 
:::<i>"Qui nous délivrera des Grecs et des Romains?"</i>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; O latim foi deixando de ser língua corrente entre os letrados. No Brasil, chegou ao estado de língua desconhecida, essencialmente desconhecida, em que o temos, agora, no ensino secundário.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; E veio toda uma ladainha de misérias contra o ensino do vernáculo: o destempero, a deficiência, a desordem permanente do ensino; a solicitação utilitarista das ciências práticas; o excesso delas, absorvedoras da atenção e capacidade aquisitiva do discente; o desgosto literário e artístico; a dispersão e superficialidade intelectual gerada na degeneração e dissolvência de nossos regímens escolares; a atração esportiva; o cinema; a multiplicidade social que a vida exige, hoje, do indivíduo; o internacionalismo cada vez mais intenso (cinema, rádio, etc.); e a não defesa da língua que se invade de estrangeirismos, coisa fatal num país de importação, de rádio americano, cinema americano, automóvel americano, "chic" francês, literatura francesa, esporte anglo-americano, etc.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Efetivamente, com a coisa importada, entra o nome. Se o temos, correspondente, em vernáculo, não o sabemos ou o não adotamos... e o estrangeirismo corre as avenidas das cidades, as colunas dos jornais e revistas, as páginas dos livros. Sem. nem, ao menos, mudar de roupa. Quando muito, pessimamente entrajado por algum torto alfaiate, que nunca possuiu a fita métrica da lingüística.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; É a ação dissolvedora, fatal, a que está submetido o nosso idioma.</p>