A Ortografia de Nossa Língua (pela simplificação ortográfica): diferenças entre revisões

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Linha 146:
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Quando se arrisca à literatura, ou, por qualquer motivo, escreve, não o preocupa a dignidade e decência da linguagem. É modernista e insulta a gramática. É superior a miudezas e canta o libertarismo dos espíritos largos. No íntimo, sente a angústia da própria insuficiência, e escreve como pôde ficar sabendo, ao longo dos anos avariados e pecos, que esperou, no secante currículo ginasial.</p>
 
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<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Não me tomem por saudosista. Guarde-nos Deus de uma mocidade grave e solene, em vez de alegremente esportiva.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; O que ando é verificando um fato.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; O nosso aparelhamento educacional não soube represar a inundação americana. Não soube convenientemente prevenir-se para canalizar e sublimar as novas tendências da mocidade.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Ele suplicia-a, pelo contrário, tantálicamente, num curso de humanidades em que o jovem está sempre com sede. Não que a água fuja diante dele, como ao Tântalo da Lídia. Mas porque a sente dessaborida, e, não raro, engulhante.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; As disciplinas, reputa-as o aprendiz cacetíssimas, porque sua alma dos dias se acha instintivamente integrada nas preocupações do esporte, do cinema e nas mais, da vida hodierna.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Nos Estados-Unidos e na Inglaterra, a educação física, o esporte, ocupa um larguíssimo espaço, no programa universitário. Espantam-se, mesmo, os franceses com a largueza desta margem. Em compensação, os ingleses não compreendem como os franceses podem suportar tantas horas de línguas e de ciências, no inventário escolar.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Em todo caso, os franceses, muito concienciosamente, executam o seu programa e mantêm a instrução em um nível a que facilitam a tradição plurissecular de povo civilizado e o primor alto do espírito gaulês, que eles contrapõem, corajosa e nacionalmente, à invasão saxônica do espírito esportivo do século.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Nós, porém, ai de nós!</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Não tínhamos aparelhamento, como não temos. Tratávamos de o construir, apoiados numa rotina copiada de Portugal e de França. Veio o futebol da Inglaterra. Veio o outro espírito, da América do Norte. Multiplicaram-se as solicitações. Não represadas, as forças novas arrasaram, alagaram os alicerces frágeis de nossos velhos programas educacionais.</p>
 
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