A Ortografia de Nossa Língua (pela simplificação ortográfica): diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
LHC (discussão | contribs)
Sem resumo de edição
LHC (discussão | contribs)
Sem resumo de edição
Linha 201:
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; As invasões germânicas dissolveram definitivamente o latim. As invasões francesa e americana vão dissolver o português, do qual há de nascer a realmente língua brasileira.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Não nos esqueçamos de que outrora o processo das mutações era lento. Lento, porque os povos viviam, consigo mesmos, insulados nas suas extensões territoriais, nos seus preconceitos acirrados de patriotismo, mal vencido, por um intercâmbio de "câmera lenta'" ou intercâmbio, nenhum, exterior.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Hoje, a velocidade suprimiu as distâncias.</p>
Linha 220:
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Graças aos céus, que algum movimento e conserto - ou concerto - se vem fazendo promissoramente, no ensino estadual de Minas-Gerais. Comprovam-no a reforma deste e a Escola de Aperfeiçoamento pedagógico. O tempo trará o mais que necessário seja.</p>
 
 
<p align="left"><b>METODOLOGIA</b></p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; A questão do ensino da língua não está na ciência profunda do professor. Está num conhecimento de métodos e processos que enquadrem o ensino na capacidade aquisitiva e no interesse do aluno.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; </p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; É muito, e muito bem, que eu saiba e maneje o idioma. Contudo, para que eu transmita à juventude os meus conhecimentos, é forçoso que eu trilhe caminhos que cheguem realmente à compreensão e bom lucro, dela. Sob pena de minhas lições se perderem, no espaço, como setas atiradas sem prévia e cuidadosa mira.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Segurança e recurso de métodos exige-os, mais do que qualquer, o ensino da língua. Entre nós, o mal maior tem sido o <i>gramatiquismo</i> e o conceito de ensino, dele resultante.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Gramática de uma língua é o conjunto de regras para bem a falar e bem a escrever.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Bem falar e escrever é, realmente, a coisa a conseguir. Muito facilmente, porém, costumamos partir do pressuposto de que o discente já fala e escreve... e passamos a ensinar-lhe o <i>bem</i> falar e o <i>bem</i> escrever.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Agarramo-nos, para isso, a uns <i>tantos pontos</i> clássicos, que constituem os programas ginasiais, e a uns <i>tantos manuais</i>, tambem clássicos, que constituem nosso material didático. É de onde queremos tirar a ciência da língua. A consequência é o ensino livresco, delimitado, teórico, factício, em vez de uma aprendizagem viva, orgânica, desenvolvida, que seja para a inteligência do aluno como fatalidade resultante de uma necessidade reclamadora.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Temos <i>ensino</i> demais e <i>aprendizagem</i> de menos. É necessária uma inversão. Mais aprendizagem e menos ensino.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; De bem falar e escrever a língua sinta o aluno necessidade, natural e pràticamente. Necessidade nascida de uma fonte subjetiva, impulsionadora, cheia do desejo do conhecimento. E que este impulso, de necessidade e gosto pessoais, encontre coordenação nos cânones objetivos, nos princípios básicos da linguagem, bem como da arte literária, os quais o mestre o ajudará a encontrar ou lhe mostrará, na hora conveniente. Assim há de ser a ministração da língua pátria, em vez de exposição objetiva e fria, desinteressante e inoportuna, cheia de leis e regras que o professor <i>diz</i> serem necessárias ao bom conhecimento e uso do idioma.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Urge transferir a fundamentação do ensino da língua. Sair do aferro à gramática para o campo vivo da necessidade atual. Do conceito <i>bem</i> falar e <i>bem</i> escrever, para o conceito mais essencial que é <i>falar</i> e <i>escrever</i>.</p>
 
<p align="left">&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; Ensine-se a <i>falar</i> e <i>escrever</i> a língua. A correção virá de acréscimo, naturalmente. Ensine-se <i>a arte</i> de falar e escrever. <i>O artistismo</i> ocorrerá, por concomitância inevitável.</p>