Espumas Flutuantes (1913): diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Desambiguação assistida por bot: O Coração
mSem resumo de edição
Linha 1:
{{navegar
|obra={{PAGENAME}}Espumas Flutuantes
|autor=Castro Alves
}}{{wikipedia|Espumas Flutuantes}}
}}
[[Categoria:Castro Alves]]
[[Categoria:Poesia brasileira]]
<br><b>Prólogo </b>
 
*[[Espumas Flutuantes/Prólogo|Prólogo]]
<BR>&nbsp;
*"[[Dedicatória (Espumas Flutuantes)|Dedicatória]] "
<br>ERA POR UMA dessas tardes em
que o azul do céu oriental - é pálido e saudoso, em que o rumor do vento
nas vergas - e monótono e cadente, e o quebro da vaga na amurada do
navio- e queixoso e tétrico.
<br>Das bandas do ocidente o sol
se atufava nos mares ''como um brigue em chamas..." e daquele vasto
incêndio do crepúsculo alastrava-se a cabeça loura das ondas.
<br>Além... os cerros de granito
dessa formosa terra de Guanabara, vacilantes, a lutarem com a onda invasora
de azul, que descia das alturas... recortavam-se indecisos na penumbra
do horizonte.
<br>Longe, inda mais longe... os
cimos fantásticos da serra dos Órgãos embebiam-se na distância sumiam-se,
abismavam-se numa espécie de naufrágio celeste.
<br>Só e triste, encostado à borda
do navio, eu seguia com os olhos aquele esvaecimento indefinido e minha
alma apegava-se à forma vacilante das montanhas - derradeiras atalaias
dos meus arraiais da mocidade.
<BR>
<br>E que lá, dessas terras do
sul, para onde eu levara o fogo de todos os entusiasmos, o viço de todas
as ilusões, os meus vinte anos de seiva e de mocidade, as minhas esperanças
de glória e de futuro;... é que dessas terras do sul, onde eu penetrara
"como o moço Rafael subindo as escadas do Vaticano";... volvia
agora silencioso e alquebrado... trazendo por única ambição-a esperança
de repouso em minha pátria.
<br>Foi então que, em face destas
duas tristezas - a noite que descia dos céus, a solidão que subia do
oceano, recordei-me de vós, ó meus amigos!
<br>E tive pena de lembrar que
em breve nada restaria do peregrino na terra hospitaleira, onde vagara;
nem sequer a lembrança desta alma, que convosco e por vós vivera e sentira,
gemera e cantara...
<br>Ó espíritos errantes sobre
a terra! Ó velas enfunadas sobre os mares!.. . Vós bem sabeis quanto
sais efêmeros... -passageiros que vos absorveis no espaço escuro, ou
no escuro esquecimento.
<br>E quando-comediantes do infinito-
vos obumbrais nos bastidores do abismo, o que resta de vós?
<BR>&nbsp;
<BR>
<br>- Uma esteira de espumas..
- flores perdidas na vasta indiferença do oceano.- Um punhado de versos...
-espumas flutuantes no dorso fero da vida!...
<br>E o que são na verdade estes
meus cantos?...
<br>Como as espumas, que nascem
do mar e do céu, da vaga e do vento, eles são filhos da musa-este sopro
do alto: do coração _ este pélago da alma.
<br>E como as espumas são, às vezes,
a flora sombria da tempestade, eles por vezes rebentaram ao estalar
fatídico do látego da desgraça
<br>E como também o aljofre dourado
das espumas reflete as opalas, rutilantes do arco-íris, eles por acaso
refletiram o prisma fantástico da ventura ou do entusiasmo- estes signos
brilhantes da aliança de Deus com a juventude!
<br>Mas, como as espumas flutuantes
levam, boiando nas solidões marinhas, a lágrima saudosa do marujo...
possam eles, ó meus amigos!-efêmeros filhos de minh'ahna-levar uma lembrança
de mim às vossas plagas!
<BR>
<BR>&nbsp;
<BR>CASTRO ALVES
<BR><b>&nbsp;</b>
<BR><b>&nbsp;</b>
<BR><b>&nbsp;</b>
*[[Dedicatória (Espumas Flutuantes)|Dedicatória]]
*[[O Livro e a América]]
*[[Hebréia]]
Linha 131 ⟶ 62:
<BR>Curralinho,
1 de junho de 1870.
[[Categoria:Castro Alves1870]]
[[Categoria:Castro Alves]]
[[Categoria:1870Espumas Flutuantes| ]]
[[Categoria:Romantismo brasileiro]]
[[Categoria:Poesia brasileira]]
[[Categoria:1870]]