Os Palhaços: diferenças entre revisões

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Revisão das 10h40min de 18 de maio de 2007

Heroes da gargalhada, ó nobres saltimbancos, Eu gosto do vossês, Por que amo as expansões dos grandes rizos francos E os gestos d'entremez,

E prezo, sobretudo, as grandes ironias Das farças joviaes, Que em visagens crueis, imperturbaveis, frias, Á turba arremeçaes!

Alegres histriões dos circos e das praças, Oh, sim, gosto de os ver Nas grandes contorsões, a rir, a dizer graças Do povo enlouquecer,

Ungidos para a luta heroica, descambada, De giz e de carmim, Nas mimicas sem par, heroes da bofetada, Titães do trampolim!

Correi, subi, voae n'um turbilhão fantastico Por entre as saudações Da turba que festeja o semi-deos elastico Nas grandes ascenções,

E no curso veloz, vertiginoso, aerio, Fazei por disparar Na face trivial do mundo egoista e serio A gargalhada alvar!

Depois mais perto ainda, a voltear no espaço, Pregae-lhe, se podeis, Um pontapé furtivo, ó lividos palhaços Lusentes como reis!

Eu rio sempre ao ver aquella magestade, Os tragicos desdens, Com que nos divertis, cobertos d'alvaiade, A troco d'uns vintens!

Mas rio ainda mais dos histriões burguezes Cobertos d'ouropeis Que tomam, n'este mundo, em longos entremezes, A serio os seus papeis.

São elles, almas vãs, consciencias rebocadas, Que, em fim, merecem mais O comentario atroz das rijas gargalhadas Que ás vezes disparaes!

Portanto é rir, é rir, hirsutos, grandes, lestos, Nas comicas funcções, Até fazer morrer, em desmanchados gestos, De riso as multidões!

E eu que amo as expansões dos grandes risos francos E os gestos d'entremez, Deixae-me dizer isto ó nobres saltimbancos, Eu gosto de vossês!