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Título Viagens na Minha Terra
Autor Almeida Garrett
Local Lisboa
Editora Typographia da Gazeta dos Tribunaes
Volume 1
Ano 1846
Fonte Digitalização dos originais
Volumes Volume 1Volume 2
Progresso Revisão pendente
Páginas
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Índice (Volume 1

INDICE.

 
Capitulo I. — De como o auctor d’este erudito livro se resolveu a viajar na sua terra, depois de ter viajado no seu quarto; e como resolveu immortalizar-se escrevendo éstas suas viagens. Parte para Santarem. Chega ao Terreiro do Paço; imbarca no vapor de Villa-Nova; e o que ahi lhe succede. A Deducção-Chronologica e a baixa de Lisboa. Lord Byron e um bom charuto. Travam-se de razões os ilhavos e os bordas-d’agua, e os da calça larga levam a melhor. 
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Capitulo II. — Declaram-se typicas, symbolicas e mythicas éstas viagens. Faz o A. modestamente o seu proprio elogio. Da marcha da civilização; e mostra-se como ella é dirigida pelo cavalleiro da Mancha, D. Quixote e por seu escudeiro, Sancho Pança. — Chegada a Villa-Nova-da-Rainha. Supplicio de Tantalo. — A virtude galardão de si mesma; e sophisma de Jeremias-Bentham. — Azambuja. 
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Capitulo III. — Acha-se desappontado o leitor com a prosaica sinceridade do A. d’estas viagens. — O que devia ser uma estalagem n’estas nossas eras de litteratura romantica? — Suspende-se o exame d’esta grave questão para tractar, em prosa e verso, um muito difficil ponto de economia-politica e de moral social. — Quantas almas é preciso dar ao diabo, e quantos corpos se teem de intregar no cemiterio para fazer um ricco n’este mundo. — Como se veio a descobrir que a sciencia d’este seculo era uma grandecissima tola. — Rei de facto, e rei de direito. — Belleza e mentira não cabem n’um sacco. — Põe-se o A. a caminho para o pinhal da Azambuja. 
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Capitulo IV. — De como o A. foi pensando e divagando; e em que pensava e divagava elle, no caminho da villa da Azambuja até o famoso pinhal do mesmo nome. — Do poeta grego e philosopho Démades e do poeta e philosopho ingles Addison: da casaca de penneiros e do palio atheniense, e de outros importantes assumptos em que o A. quiz mostrar sua profunda erudição. — Discute-se a materia gravissima se é necessario que um ministro d’estado seja ignorante e leigarraz. — Admiraveis reflexões de zigzag em que se tracta de re politica e de re amatoria. — Descobre-se porfim que o A. estivera a sonhar em todo este capitulo, e pede-se ao leitor benevolo que volte a folha e passe ao seguinte. 
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Capitulo V. — Chega o A. ao pinhal da Azambuja, e não o acha. Trabalha-se por explicar este phenomeno pasmoso. Bello rasgo de stylo romantico. — Receita para fazer litteratura original com pouco trabalho. — Transição classica; — Orpheu e o bosque do Ménalo. Desce o A. d’estas grandes e sublimes considerações para as realidades materiaes da vida: é desamparado pela hospitaleira traquitana e tem de cavalgar na triste mula de arrieiro. — Admiravel choito do animal. Memorias do marquez do F. que adorava o choito. 
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Capitulo VI. — Próva-se como o velho Camões não teve outro remedio senão misturar o maravilhoso da mylhologia com o do christianismo. — Da-se razão, e tira-se depois ao padre José Agostinho. — No meio d’estas disceptações academico-litterarias vem o A. a descobrir que para tudo é preciso ter fé n’este mundo. Diz-se n’este mundo, porque, quanto ao outro ja era sabido. — Os Lusiadas, Fausto e a Divina-Comedia. — Desgraça de Camões em ter nascido antes do romantismo. — Mostra-se como a Styge e o Cocyto sempre são melhores sitios que o Inferno e o Purgatorio. — Vai o A. em procura do marquez de Pombal, e dá com elle nas ilhas Beatas do poeta Alceu. — Partida de Wist entre os illustres finados. — Compaixão do marquez pelos pobres homens de Ricardo Smith e J. B. Say. — Resposta d’elle e da sua luneta ás perguntas peralvilhas do A. — Chegada a este mundo e ao Cartaxo. 
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Capitulo VII. — Reflexões importantes sôbre o Bois-de-Boulogne, as carruagens de mollas, Tortoni, e o café do Cartaxo. — Dos cafés em geral, e de como são o characteristico da civilização de um paiz. — O Alfageme. — Hecatombe involuntaria immolada pelo A. — Historia do Cartaxo. — Demonstra-se como a Gran’ Bretanha deveu sempre toda a sua fôrça e toda a sua glória a Portugal. — Shakspeare e Laffitte, Milton e Chateaumargot. — Nelson e o principe de Joinville. — Próva-se evidentemente que M. Guizot é a ruina de Albion e do Cartaxo. 
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Capitulo VIII. — Sahida do Cartaxo. — A charneca. — Perigo imminente em que o A. se acha de dar em poeta e fazer versos. — Ultima revista do imperador D. Pedro ao exército liberal. Batalha de Almoster. — Waterloo. — Declara o A. solemnemente que não é philosopho e chega á ponte de Asseca. 
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Capitulo IX. — Prologomenos dramatico-litterarios, que muito naturalmente levam, apezar de alguns rodeios, ao retrospecto e reconsideração do capitulo antecedente. — Livros que não deviam ter titulo, e titulos que não deviam ter livro. — Dos poetas d’este seculo: Bonaparte, Rotchild e Silvio-Péllico. — Chega-se ao fim d’estas reflexões e á Ponte da Assecca. — Traducção portugueza de um grande poeta. — Origem de um dictado. — Junot na ponte da Assecca. — De como o A. d’este livro foi jacobino desde piqueno. — Inguiço que lhe deram. — A duqueza de Abrantes. — Chega-se emfim ao val de Santarem. 
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Capitulo X. — Valle de Santarem — Namora-se o A. de uma janella que ve por entre umas árvores. — Conjecturas várias a respeito da ditta janella. — Similhança do poeta com a mulher namorada, e inquestionavel inferioridade do homem que não é poeta. — Os rouxinoes. Reminiscencia de Bernardim Ribeiro e das suas saudades. — De como o A. tinha quasi completo o seu romance, menos um vestido branco e uns olhos pretos. — Sahem verdes os olhos com grande admiração e pasmo seu. — Verificam-se as conjecturas sôbre a mysteriosa janella. — A menina dos rouxinoes. — Censura das damas muito para temer, crítica dos elegantes muito para rir. — Começa o primeiro episodio d’esta Odyssea. 
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Capitulo XI. — Tracta-se do unico privilegio dos poeetas que tambem os philosophos quizeram tirar, mas não lhes foi concedido; aos romancistas sim. — Applicação d’estes principios a Aristoteles e Anacreonte. — O A., tendo declarado no capítulo nono d’esta obra que não era philosopho, agora confessa, quasi solemnemente. que é poeta, e pretende manter-se como tal, em seu direito. — De como S. M. elrei de Dinamarca tinha menos juizo do que Yorick, seu bobo. — Doutrina d’este. Funda n’ella o A. o seo admiravel systema de physiologia e pathologia transcendente do coração.Por uma deducção appertada e cerrada da mais constrangente logica vem a dar-se no motivo porque foi concedido aos poetas esse direito indefinido de andarem sempre namorados. — Applicam-se todas éstas grandes theorias á posição actual do A. no momento de entrar no episodio promettido no capítulo antecedente. — Uma modestia e reserva delicada o obrigam a duvidar da sua qualificação para o desimpenhar: pede votos ás amaveis leitoras. Decide-se que a votação não seja nominal, e porquê. — Dido e a mana Annica. — Entra-se emfim na promettida historia. — De como a velha estava á porta a dobar, e imbaraçando-se-lhe a meada, chamou por Joanninha, sua neta. 
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Capitulo XII. — De como Joanninha desimbaraçou a meada da avó, e do mais que aconteceu. — Que casta de rapariga era Joanninha. Dá o A. insigne prôva de ingenuidade e boa fé confessando um grave senão do seu Ideal. Insiste porém que é um adoravel deffeito. — Em que se parece uma mulher desannellada com um Sansão tosquiado. — Pasmosas monstruosidades da natureza que desmentem o credo velho dos peralvilhos. — Os olhos verdes de Joanninha. — Religião dos olhos pretos strenuamente professada pelo A. Perigo em que ella se acha á vista de uns olhos verdes. — De como estando a avó e a neta a conversar muito de mano a mano, chega Frei Diniz e se interrompe a conversação. — Quem era Frei Diniz. 
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Capitulo XIII. — Dos frades em geral. — O frade moralmente considerado, socialmente e artisticamente. — Próva-se que é muito mais poetico o frade do que o barão. — Outra vez D. Quixote e Sancho Pansa. — Do que seja o barão, sua clasificação e descripção linneana. — Historia do castello do Chucherumello. — Erro palmar de Eugenio Sue: mostra-se que os jesuitas não são a cholera-morbus, e que é preciso refazer o ’Judeu errante’ — De como o frade não intendeu o nosso seculo nem o nosso seculo ao frade. — De como o barão ficou em logar do frade, e do muito que n’isso perdémos. — Unica voz que se ouve no actual deserto da sociedade: os barões a gritar contos de réis. — Como se contam e como se pagam os taes contos. — Predilecção artistica do A. pelo frade: confessa-se e explica-se ésta predilecção. 
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Capitulo XIV. — Emendado emfim de suas distracções e divagações, prosegue o A. direitamente com a historia promettida. — De como Fr. Diniz deu a manga a beijar a avó e á neta, e do mais que entre elles se passou. — Ralha o frade com a velha, e começa a descubrir-se onde a historia vai ter. 
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Capitulo XV. — Retrato de um frade franciscano que não foi para o depósito da Terra-sancta, nem consta que esteja na Academia das Bellas-Artes. — Ve-se que a logica de Fr. Diniz se não parecia nada com a de Condillac. — Suas opiniões sôbre o liberalismo e os liberaes. — Que o podêr vem de Deus, mas como e paraquê. — Que os liberaes não intendem o que é liberdade e egualdade; e o para que eram os frades, se fossem. — Próva-se, pelo texto, que o homem não vive so de pão, e pergunta-se o de que vivia então Fr. Diniz. 
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Capitulo XVI. — Saibamos da vida do frade. — Era franciscano porquê? — Dos antigos e dos novos martyres. — Alguns particulares de Fr. Diniz antes e depois de ser frade. — Emigração. — Explicação incompleta. — De como a velha tinha perdido a vista, e Joanninha o riso. — Sexta feira dia aziago. 
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Capitulo XVII. — De como, chegando outra sexta-feira e estando a avó e a neta á espera do frade, este lhe appareceu, contra o seu costume, da banda de Lisboa. — Por que razão muitas vezes a mais animada conversação é a que mais facilmente pára e quebra de repente. — Nova demonstração de dois grandes axiomas dos nossos velhos, a saber: Que o hábito não faz o monge; e que ralhando as comadres se descobrem as verdades. — No ralhar da velha com o frade, levanta-se uma ponta do véo que cobre os mysterios da nossa historia. 
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Capitulo XVIII. — Descobre-se que ha grandes e espantosos segredos entre o frade e a velha — Piedosa fraude de Joanninha. — -Lucta entre o hábito e o monge. 
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Capitulo XIX. — Guerra de postos avançados, Joanninha no bivac. — De como os rouxinoes do valle se disciplinaram a ponto de tocar a alvorada e a retreta. — Quem era a ’menina dos rouxinoes,’ e porque lhe poseram este nome. — A sentinella perdida e achada. 
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Capitulo XX. — Joanninha adormecida — O demi-jour da coquette. — Poesia do Flos-sanctorum. — De como os rouxinoes accompanhavam sempre a menina do seu nome; e do bem que um d’elles cantava no bivac. — Retratto esquissado á pressa para satisfazer ás amaveis leitoras. — Pondera-se o triste e pessimo gôsto dos nossos governantes em tirarem as honras militares ao mais elegante e mais nacional uniforme do exército portuguez. — Em que se parece o auctor da presente obra com um pintor da edade-média. — De como os abraços, por mais apertados que sejam, e os beijos, por mais interminaveis que pareçam, sempre teem de acabar por fim. 
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Capitulo XXI. — Quem vem lá? — Como entre dous litigantes nem sempre gosa o terceiro. — Carlos e Joanninha n’uma especie de situação ordeira, a mais perigosa e falsa das situações. 
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Capitulo XXII. — Bilhete de manhan da prima ao primo. Inganam a pobre da velha. — Noite mal dormida. — Da conversa que teve Carlos com os seus botões. — A Joanninha que elle deixára e a Joanninha que achou. — Obrigações d’amor, triste palavra. — A mulher que elle amava, e se elle a amava ainda. — Quesitos do A. aos seus benevolos leitores. Declara que com os hypocritas não falla. — Quem hade levantar a primeira pedra? — Dous modos differentes de acudir uma coisa ao pensamento. 
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Capitulo XXIII. — Continúa a accudir muita coisa vaga e incontrada ao pensamento de Carlos. — Dança de fadas e duendes. — Fr. Diniz o fado-mau da familia. — Veremos, é a grande resolução nas grandes difficuldades. — Carlos poeta romantico. — Olhos verdes — Desafio a todos os poetas moyen-ages do nosso tempo. 
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Capitulo XXIV. — Novo Génesis. — O Adam social muito differente do Adam natural. — Carlos sempre um por seus bons instinctos, sempre outro por suas más reflexões. — De como Joanninha recebeu o primo com os braços abertos, e do mais que entre elles se passou. — Dor meia dor, meia prazer. 
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Capitulo XXV. — O excesso da felicidade que aterra e confunde tambem. — Pasmosa contradicção da nossa natureza. — De como os olhos verdes de Joanninha se inturvaram e perderam todo o brilho. — Que o coração da mulher que ama, sempre advinha certo. 
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Índice (Volume 2)

INDICE.

 
Capitulo XXVI — Modo de ler os auctores antigos, e os modernos tambem. — Horacio na sacra-via. — Duarte Nunes iconoclasta da nossa historia. — A policia e os barcos de vapor. — Os vandalos do feliz systema que nos rege. — Shakspeare lido em Inglaterra a um bom fogo, com um copo de old-sack sôbre a banca. — Sir John Falstaff se foi maior homem que Sancho-Pansa? — Grande e importante descuberta archeologica sôbre San’Tiago, San’Jorge e Sir John Falstaff. — Próva-se a vinda d’este último a Portugal. — O enthusiasta britannico no tumulo de Heloisa e Abeillard no Père-la-Chaise. — Bentham e Camões. — Chega o auctor á sua janella, e pasmosa miragem poetica produzida por umas oitavas dos Lusiadas. — De como em fim proseguem éstas viagens para Santarem, e que feito será de Joanninha. 
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Capitulo XXVII — Chegada a Santarem. — Olivaes de Santarem. — Fóra-de-Villa. — Symetria que não é para os olhos. — Modo de medir os versos da biblia. — Architectura pedante do seculo XVII. — Entrada na Alcáçova. 
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Capitulo XXVIII — Depois de muito procurar acha em fim o auctor a egreja de Sancta-Maria d’Alcáçova. — Stylo da architectura nacional perdido. — O terremoto de 1755, o marquez de Pombal e o chafariz do Passeio-público de Lisboa. — O chefe do partido progressista portuguez no alcassar de D. Affonso Henriques. — Deliciosa vista dos arredores de Santarem observada de uma janella da Alcáçova, de manhan. — É tomado o auctor de ideas vagas, poeticas, phantasticas como um sonho. — Introducção do Fausto. — Difficuldade de traduzir os versos germanicos nos nossos dialectos romanos. 
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