CAPÍTULO IV Largos, praças e passeios públicos de cidade de Angra Largo 3 de Março Este largo, conhecido também pelo nome de Pátio da Alfândega, é dos mais antigos que possui a cidade, pois que, sendo construído em 1568, por ordem de D. Henrique, o grande paredão que vai do cais até ao lugar da Prainha, é muito natural que o pátio da Alfândega fosse construído na mesma época. Parte deste largo, a que costeia o lado sul do edifício da Alfândega, é construido sobre arcaria, do mesmo modo que o edifício, o que tem dado lugar a algumas avarias, provenientes do embate das ondas e dos encanamentos de esgoto que atravessam o subsolo da Alfândega. O título de 3 de Março provém de ser o primeiro largo em que entrou El-Rei D. Pedro IV em 1832, quando desembarcou em Angra. Largo do Prior do Crato Denominado também Largo do Colégio, por ficar em frente à igreja deste nome, o seu título atual provém de ser o largo mais próximo das casas do marquês de Castelo Rodrigo, onde residiu D. António, Prior do Crato, quando esteve nesta ilha. É um largo bastante espaçoso e arborizado. Largo 22 de Junho É também conhecido pelo nome de Largo do Palácio, por ficar em frente ao grande edifício, que outrora pertenceu aos jesuítas, e que mais tarde –---------0195 passou a servir de residência aos capitães generais, e depois aos governadores civis e general de divisão, quando existiu em Angra a 5.ª Divisão Militar. É também arborizado; e o título que tem é proveniente de ter sido o local onde veio postar-se, no dia 22 de junho de 1828, a primeira força de Caçadores n.° 5, depois do brado da restauração dos direitos de D. Pedro IV e da Carta Constitucional. Largo 11 de Agosto É conhecido vulgarmente pelo nome de Alto das Covas, por ter existido antigamente naquele lugar grandes covas onde se guardavam os trigos. Ali existiu também o pelourinho da cidade, e o seu título atual provém da célebre batalha da Vila da Praia da Vitória, em 11 de agosto de 1829, em que ficaram vencidos os miguelistas. Largo 4 de Março de 1642 Tem vulgarmente o nome de Portões de São Pedro, por ter existido ali um dos portões da cidade. Marca um dos limites da cidade; é também arborizado, e o seu atual título comemora a aclamação de D. João IV na ilha Terceira, ou melhor, a rendição do Castelo de São João Baptista. Largo da Boa Nova Nada tem de notável. Fica fronteiro à Ermida Nossa Senhora da Boa Nova e estabelece a comunicação da cidade coma Fortaleza de São João Baptista. Durante o cerco que os terceirenses fizeram ao Castelo, no tempo da usurpação castelhana, foi este largo ocupado por forças portuguesas, depois de convenientemente entrincheirado; e, quando os castelhanos se viram obrigados à rendição, foi deste largo que se avistou primeiramente o sinal de capitulação, soltando logo o povo o grito de Boa Nova. Foi este o título com que ficou não só o largo, como também a ermida contígua ao hospital militar. Praça da Restauração Situada na parte mais baixa e central da cidade, apresenta a forma de um rectângulo, tendo, do lado oriental, o majestoso edifício da Câmara Municipal, de que adiante falaremos, e onde outrora existiu o Paço da Câmara e as Cadeias Públicas, tudo reunido num só edifício. Em volta desta praga estavam


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também o Tribunal da Justiça, a Audiência Geral, e a casa da pólvora da cidade ao canto da antiga Travessa da Saúde. Esta praça foi construída em 1610, tendo então dimensões muito inferiores às que hoje apresenta, e foi denominada Praça do Cosme, nome derivado da ermida que hoje é de Nossa Senhora da Saúde, e que naquele tempo era de São Cosme e de São Damião. Mais tarde foi também conhecida pelos nomes de Praça Antiga e dos Touros, por ter sido o local onde por vezes se construía uma praça de touros; e só adquiriu as dimensões atuais, quando foi construído o atual edifício da Câmara. O seu título atual provém de ter sido ali que se ergueu em 1641 o brado da restauração da ilha Terceira, e foi também neste lugar que em 1828 se confirmou solenemente o brado da restauração do trono de D. Maria II e da causa constitucional. No dia 2 de julho de 1901, pelas 5 horas da tarde, na presença de Suas Majestades El-Rei D. Carlos I e D. Maria Amélia, que então visitavam as ilhas dos Açores, foi solenemente lançada à terra, na parte central desta praça, a primeira pedra de um monumento que comemorasse a visita dos soberanos portugueses, e a que assistiram as principais autoridades locais e grande concurso de povo. Praça do Duque de Bragança Esta praça, que é conhecida também pelo nome de Praça do Mercado, foi construída no lugar onde antigamente existia a cerca do Convento da Esperança. Comunica, pelo lado do sul, com as Ruas da Sé e da Esperança, por duas rampas pouco inclinadas; e pelo norte coma Rua de Mouzinho de Albuquerque, antiga Rua do Rego, por meio de uma larga escadaria. Tem a forma retangular, e cada um dos seus lados forma um extenso alpendre, três dos quais comportam uma série de pequenos talhos ou açougues, e o quarto, do lado do nascente, constitui um grande barracão destinado à venda dos cereais. A parte central desta praça serve para a venda de hortaliças, frutas e outros produtos. Este local foi concedido a Câmara de Angra em 6 de dezembro de 1832, e é completamente vedado por três largos portões, tendo os dois voltados ao sul as armas da cidade. Praça de São Sebastião Tem vulgarmente o nome de Praça dos Porcos, e serve para a venda de gado de toda a qualidade, aos domingos.


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Esta praça, bastante espaçosa, comunica pelo norte com a Rua Nova, por um largo portão de ferro, e pelo sul com a Rua de D. Carlos, por outro portão simetricamente disposto em relação ao outro, e também de ferro. Sobre este lado há também um pequeno parapeito de cantaria, sobre o qual assenta uma grade de ferro com a extensão de 16 metros, pouco mais ou menos. Foi começado a construir em dezembro de 1859 e começou a funcionar como mercado em 1862, tendo até ali servido de praça de touros. Tem ao centro um passeio bem arborizado que, no tempo de verão forma uma sombra agradável. Praça de D. Pedro IV É conhecida pelos nomes de Monumento, por ali existir o monumento erigido a D. Pedro IV, ou então de Castelo dos Moinhos, por ter existido antigamente naquele lugar uma pequena fortaleza e estar próximo de alguns moinhos. Em 1495 foi construído neste lugar um castelo com o nome de São Luís, o primeiro da ilha Terceira, destinado a defender os terceirenses dos mouros de Argel que costumavam navegar nos mares dos Açores à caça das naus que vinham da Índia. Mais tarde serviu (em 1641) para auxiliar o cerco feito ao Castelo de São João Baptista, que naquele tempo estava ocupado pelos espanhóis. Depois foi abandonado, e só no dia 20 de maio de 1844 é que começaram os trabalhos preparativos para a construção do monumento a D. Pedro IV, sendo lançada a primeira pedra, com toda a solenidade, no dia 3 de março de 18451. Foi a pedra em que El-Rei D. Pedro IV pôs os pés quando desembarcou no cais de Angra. O monumento tem a forma de uma pirâmide quadrangular, apresentando em todas as suas faces datas alusivas à vida do Imperador. Passeio do Alto das Covas, ou de São Gonçalo É o passeio público mais antigo que possui a cidade, e está situado logo abaixo do Largo 11 de Agosto, contíguo ao edifício do extinto Convento de São Gonçalo. Foi mandado construir em 1815 pela Câmara Municipal, e foi durante muitos anos o único passeio público, sendo por isso bastante concorrido, não só pelo belo panorama que dali se goza, como pela boa disposição e asseio dos seus canteiros. Possuía este passeio uma pequena casa do guarda do jardim, que mais


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tarde desapareceu, bem como o jardim, pela falta de quem olhasse com alguma atenção por tão útil lugar. Em 1871 foi modificado; e hoje apenas tem umas banquetas de pedra em volta da parede e ao centro duas araucárias, ficando completamente vedado por um gradeamento de ferro. Passeio do Porto de Pipas Este pequeno jardim está situado no extremo da estrada Bernardino Machado, e acima do varadouro do Porto de Pipas. Foi construido em 1870, e constituiu durante algum tempo o passeio favorito da elite da cidade de Angra. Está ajardinado com boas árvores de sombra, mas é hoje muito pouco frequentado. Passeio Duque da Terceira É o mais moderno de todos, e está situado ao nascente do Largo do Prior do Crato, ocupando quase toda a cerca do antigo convento de São Francisco. Nota-se neste passeio, uma parte plana bem ajardinada e com um largo tanque de repuxo, e ao fundo uma elegante cascata que dá ingresso ao resto do passeio disposto em plano inclinado e bem arborizado. Foi começado a construir em 1882 por iniciativa do governador civil Afonso de Castro, e acha-se hoje ligado com a Praça de D. Pedro IV, por uma passagem bastante íngreme, de onde se observa um lindo panorama, e que tem o nome de Silva Sarmento, por ser este cavalheiro o iniciador do útil melhoramento quando presidente da Câmara Municipal.


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