MUNDO INTERIOR


Ouço que a natureza é uma lauda eterna
De pompa, de fulgor, de movimento e lida,
Uma escala de luz, uma escala de vida
      De sol á infima luzerna.

Ouço que a natureza, — a natureza externa, —
Tem o olhar que namora, e o gesto que intimida
Feiticeira que ceva uma hydra de Lerna
      Entre as flôres da bella Armida.

E comtudo, se fecho os olhos, e mergulho
Dentro em mim, vejo á luz de outro sol, outro abysmo
Em que um mundo mais vasto, armado de outro orgulho,

Róla a vida immortal e o eterno cataclismo,
E, como o outro, guarda em seu ambito enorme,
Um segredo que attrae, que desafia — e dorme.