Afonso celso — Discurso na Academia Brasileira de Letras.
Era Raimundo Correia estudante em S. Paulo quando mandou fazer, para uma festa na Faculdade, um terno novo. Faltava-lhe, porém, o chapéu, e os companheiros de "república" — Valentim, Afonso Celso, Silva Jardim e Assis Brasil — resolveram oferecer-lhe um chapéu novo.
No dia seguinte, apareceu Raimundo na Faculdade, com a roupa nova e o chapéu velho.
— E o chapéu novo? — indagaram os colegas.
— Está em casa.
E confessou, a voz comovida:
— Eu vinha saindo com o que vocês me deram quando olhei para o cabide. Lá estava o chapéu velho; mas tão triste, tão descorado, que me meteu pena. Parecia dizer-me: "É assim, não é ?" Para as aulas, para o trabalho, para a chuva, sou eu; para as festas, fico eu aqui, e vai o outro, unicamente porque e novo'! Fiquei sensibilizado, pendurei lá o outro, e vim com ele.
E beijando o velho feltro:
— Tão meu amigo, coitado!...