O Subterrâneo do Morro do Castelo/Domingo, 21 de maio de 1905

Os Subterrâneos do Morro do Castelo editar

Novas Galerias - Uma Visita editar

Pouco a pouco vão se desvendando os mistérios das lendas seculares do morro do Castelo e a picareta dos trabalhadores vai descobrindo galerias, salas subterrâneas, confirmando o que dizem os roteiros.

Sobre a notícia que demos ontem do aparecimento de uma nova galeria, temos a retificar um ponto.

Não se trata de uma galeria e sim de uma sala subterrânea revestida de tijolos. Desta saem duas galerias: uma que corre paralela à avenida e outra que segue em direção ao convento dos Capuchinhos.

A primeira está com a abóbada descoberta e ainda não está desentulhada.

O mesmo acontece à sala.

A outra galeria, onde ontem penetramos graças à gentileza do Dr. Dutra de Carvalho, tem a boca estreita, que começa a se alargar depois de três metros. Daí em diante é uma vasta galeria revestida de tijolos e onde pode andar à vontade o homem mais gordo e alto.

Ainda não está desentulhada e a sessenta metros torna-se nela difícil a respiração.

Têm sido encontradas várias balas rasas e outros instrumentos de ferro carcomidos pela ferrugem.

Foram também encontradas algumas garrafas.

Os trabalhos continuaram toda a noite devendo ser suspensos hoje de manhã.

A galeria que está sendo desobstruída ficava exatamente num corredor do seminário de serventia privada dos padres. Acima da abóbada, grandes lajes suportavam a terra, sobre as quais foram construídos os suportes das vigas que agüentam o corredor.

Obra antiga e sólida, só a picareta poderia pô-la a descoberto.