Obras poeticas de Ignacio José de Alvarenga Peixoto (1865)/A morte do rei D. José I

A MORTE DO REI D. JOSÉ I
EM 23 DE FEVEREIRO DE 1777

Do claro Tejo á escura foz do Nilo,
E do barbaro Araxe ao Tibre vago,
A fama, o susto e o marcial estrago,
Rompa a fama os clarins em repetil-o.

Mas não podem achar seguro asylo
Fóra das margens do estigio lago
Os assombros de Roma e de Carthago,
Annibal, Scipião, Fabio e Camillo.

Os grandes ossos cobre a terra dura,
E a morte desenrola o negro manto
Sobre o pio José na sepultura.

Injusta morte, soffre o nosso pranto,
Que ainda que és lei a toda a creatura,
Parece não devias poder tanto.