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Nosso amigo Thaty


Ele não era exatamente nosso “amigo”, mas quando voltava a fazer das suas dizia-se imediatamente: “O amigo Thaty aprontou uma boa de novo!”. Ele era um pequeno empreiteiro na construção da ferrovia, um italiano, napolitano, desaforado, ignorante, simpático e atrevido, mas ainda tinha uma ótima qualidade: fazia uma sopa excelente, e eu tenho quase certeza que ele nunca na vida foi engenheiro ou algo parecido, mas somente o cozinheiro de um deles.

Os trabalhos que ele fazia eram muito ruins. Eu me lembro que ele construiu uma ponte provisória e eu fui mandado para vistoriá-la. Lá o amigo queria me levar para tomar o café da manhã com ele de qualquer jeito. Provavelmente tinha imaginado me dar tanto vinho que eu não teria conseguido ver nada. Mas ele fracassou; eu fui primeiro até a ponte. Meu Deus, que coisa era aquela! As vigas eram tão fracas que nem uma carroça poderia passar, muito menos uma locomotiva. Quando nós voltamos, ele tinha esquecido completamente que havia me convidado para o café da manhã!

Ele tinha um trem a sua disposição, para aumentar os aterros. Pois lá estava ele, no primeiro vagão e dava sinal de partida com um tiro para cima e o sinal de parada com dois. Isso parecia muito exagerado, mas devia servir também para conter seu pessoal; pois tinha brigas constantes com eles e tentava enganá-los de todas as maneiras.

Mas uma vez ele sofreu uma injustiça. Foi um sueco, um gigante, o qual exigiu seu ajuste de contas.

“Agora, meu caro, vamos ver o que você me deve!”