Robert Helling | 119

gato, entrou no escritório. Thaty estava sentado, de costas para ele, bem à vontade em sua cadeira e se sacudia todo com uma risada, o destino se aproximava. Com um pulo de tigre o contador estava junto dele, enrolou um emaranhado de cabelos na mão, puxou a cabeça dele para trás e enterrou seus dentes no grande nariz do seu adversário. Um terrível grito, um pulo de costas, uma cuspida do calabrês, um salto de Thaty até o revólver, um estalo do gatilho, mas as balas já tinham sido disparadas e, rindo de alegria, o calabrês tomou seu caminho. Thaty jogou o revólver fora e correu para a bacia d’água para lavar seu nariz; mas a dentada foi bem profunda; o calabrês contou depois que ele queria arrancar todo o nariz, mas a coisa era muito grande. Thaty precisou chamar o médico e ficou em casa gemendo de raiva e dor. Nós ouvimos falar do ocorrido no mesmo dia, e não havia ninguém que tivesse pena do rapaz. Eu arranjei no dia seguinte um trem de serviço que teria de passar pelo campo de batalha. Descemos diante da casa. Thaty, que ouvira o barulho do trem, veio ao nosso encontro, mas já acenando de longe com a mão gritou nervoso: “Não riam, só não riam, senão vou ter que rir também e ele vai arrebentar de novo!” Mas quando vimos o homem com o nariz muito inchado e com o esparadrapo branco colado, desatamos a rir sem parar. Ele parecia um palhaço, com aquele nariz enorme. Thaty fez só um som na garganta, envolvendo seu generoso nariz, e virou-se de costas para nós, tentando reprimir sua risada incomoda. Então fomos até a casa onde o consolamos com muita zombaria. Enquanto nos dirigíamos à casa o engenheiro chefe disse: “Está é a primeira vez que poderemos rir por último; até agora sempre o Thaty que ria por último!”