128 | 40 anos no interior do Brasil: aventuras de um engenheiro ferroviário

Muito diferente acontece com os cumprimentos no Brasil. Pode-se pensar que, para o calor que faz, o chapéu é uma irritante peça do vestuário deixada de lado. Longe disso! Contrário ao que se espera, o chapéu sempre é levado sobre a cabeça, semelhante a nossos conterrâneos. Se alguém viesse caminhando com o chapéu na mão, seria tido no mínimo como um pouco maluco. Se um homem tira seu chapéu da cabeça com o conhecido ímpeto europeu, é infalível: “Este deve ter imigrado a menos de uma semana!”

Cumprimenta-se no Brasil, ao mesmo tempo em que apenas se toca com o indicador o chapéu, o que resulta em um movimento semelhante à saudação militar, ou segurando um pouco a aba do chapéu com o polegar e o indicador, dependendo do grau de respeito. As mulheres devem ser cumprimentadas levantando o chapéu verticalmente e não muito alto. Mas, pode-se indagar, como conciliamos este tipo de cumprimento com a tão propalada gentileza dos brasileiros? Calma! Há ainda muitas outras formas, que completam a saudação com o chapéu. O forte aperto de mão tem muita importância. Assim que se encontra um conhecido e este estiver em um momento de tranquilidade — e os brasileiros têm muitos momentos assim! —, então, segura-se a aba do chapéu com a mão esquerda, inclina-se a cabeça um pouco para a direita e se sorri com simpatia e se estende as mãos para um forte, quase gigantesco aperto de mãos. Sabe-se que os norte-americanos dão grande importância nesse ponto; contudo, meu chefe estadunidense afirma que nisso os brasileiros são mais exagerados.

Se duas pessoas não se veem há realmente muito tempo ou despedem-se antes de uma ausência prolongada, só apertar as mãos longamente não é suficiente. Então também se abraçam. E isto não basta! Com a mão, que fica sobre as costas do outro, bate-se nas costas como se o infeliz estivesse meio engasgado com um osso e se deve ajudá-lo a retirá-lo. Mulheres se abraçam e se beijam em ambas as bochechas, o que, diante da graça natural das brasileiras, é muito agradável de se ver. Se na estação de trem ou navio é dado o sinal de embarque, vê-se cenas muito engraçadas. De repente, vemos as pessoas se abraçando e batendo tapinhas nas costas.