Robert Helling | 133

“Abre-se!” Ninguém se mexeu. Na esperança de que alguns dos presentes entendessem alemão, gritei: “Ihr Hornochsen, lasst mich durch!”[1] O resultado foi o mesmo, os olhos azuis e estúpidos fitavam sem compreender. Aquilo me enfureceu e eu dei um merecido golpe no estômago do que estava mais próximo. O homem entendeu aquilo que pareceu ser a palavra mágica com a qual eles estavam habituados. Com voz alta ele grasnou algumas palavras em russo e na mesma hora se abriu um estreito caminho através do qual pudemos ir até o escritório. Eu estava muito satisfeito quando vi que o tesoureiro, que vinha atrás de mim, havia felizmente chegado com seu ouro; pois, como foi dito, eram gigantes na forma; todos estavam uniformemente vestidos com velhas fardas militares acinzentadas.

Através do intérprete, mandei anunciar que o pessoal iria receber o pagamento atrasado, mas só com a condição de que os vagões de carga fossem desocupados dentro de dez minutos. Num instante a multidão se evaporou e da mesma forma reapareceu pontualmente depois dos estabelecidos dez minutos. Ao mesmo tempo apareceu um dos meus mulatos e me comunicou que todos os vagões estavam desocupados. Portanto, mandei o pagamento ter início, sabia que minhas ordens de remoção dos vagões prontamente seriam realizadas. O pagamento prosseguiu e por fim o intérprete precisou fazer um discurso fulminante e exortar o pessoal a retornar ao trabalho. Para espanto geral de todos, eles declararam que estavam dispostos a isso sem problemas e fui para minha estalagem almoçar com a alma leve. No entanto, nós ainda não havíamos terminado a sopa quando um mensageiro chegou correndo para avisar que o pessoal tinha mudado de opinião e agora não queriam mais trabalhar, mas sim serem levados de volta para a Rússia. Com passo rápido, voltou-se para a estação e passamos então a conversar, xingar e debater e, finalmente, o intérprete, banhado em suor, anunciou que havia acalmado os ânimos novamente e que o pessoal queria voltar ao trabalho. Novamente voltou-se para o

 

  1. “Seus estúpidos, deixem-me passar!” (NdT)