Robert Helling | 33

quando este, de repente, desafiou meu irmão para uma luta. Nós também não éramos lutadores de boxe profissionais e o rapazinho afirmou que nós não entendíamos absolutamente nada. Em Portugal se luta de uma forma bem diferente. Rindo, meu irmão aceitou o desafio. O interesse foi reanimado, e mesmo os marinheiros, na maioria jovens rudes de Hamburgo, reuniram-se em torno do círculo, enquanto os oficiais e passageiros dos camarotes olhavam de cima do seu convés superior. Meu irmão estava em posição de defesa enquanto o português, um pequeno e ágil rapaz, aproximou-se dele, mas sem propriamente atacar, e sim dava pulos em volta dele como uma bola de borracha. Era espantosa a agilidade que o homenzinho desenvolveu; ora direita, ora esquerda, ora avante, ora para trás dançava esta coisa saltitante em volta de meu irmão, e quando este avançava adiante, o rapaz já havia saltado para o lado, desferia alguns golpes fracos e já estava novamente no próximo canto. "Magricela, vai pra cima dele, Georg!", gritaram os marinheiros. Então meu irmão levantou-se, simulou um ataque à direita e acompanhou o salto do rapazinho para a esquerda e com um longo golpe ele acertou o nariz do rapaz com tanta força que logo o sangue jorrou. Ele caiu de costas, mas rapidamente pôs-se em pé e queria limpar o rosto e, sem pensar nas luvas firmemente afiveladas, esfregou o sangue por toda a cara e então saltou gritando com as mãos e o rosto cheios de sangue entre os espectadores, que horrorizados se dispersaram. Estava acabada a aula de boxe.

Novamente o tédio voltou a ser excessivo. Os suecos que estavam a bordo afirmaram que os seus miolos já estavam torrando. A família dinamarquesa dava menos estalos com os seus engraçados tamanquinhos de madeira pelo convés; o alemão de poucas palavras, que por doze anos havia lutado como soldado holandês contra os nativos da Indonésia, agora abria a boca com mais frequência, pois o terrível calor parecia fazer-lhe bem. Ele me contou que, em seu tempo de Amsterdã, recrutas holandeses haviam adicionado algum narcótico em sua bebida e só foi acordar quando se encontrava a bordo de um navio de transporte holandês a caminho de Java. Depois contou espantosas histórias dos degoladores de lá, finalmente