38 | 40 anos no interior do Brasil: aventuras de um engenheiro ferroviário

Finalmente se pôde dormir um pouco; pelo menos nós constatamos que havíamos despertado, já que o vapor começou novamente a balançar para lá e para cá. Sim, já era dia. Nós olhamos uns para os outros. “Você tem sarampo, cara!” gritou alguém. “E você tem catapora!”, retrucou prontamente o interlocutor. Nós estávamos muito bonitos! Pareceu que, como estrangeiros, havíamos sido um verdadeiro petisco para os mosquitos. O vaporzinho pôs-se em movimento e logo estávamos em Joinville, onde fomos acomodados no alojamento de imigrantes.

Um prédio como esse é muito interessante. Pense em um enorme celeiro, na parede à direita um catre, à esquerda a mesma coisa e está feita a descrição. Então se desenvolveu uma vida agitada sobre esses enormes catres de madeira rudimentares, divididos somente por um corredor no meio, para que as criancinhas também pudessem cair. Nós ficamos aqui alguns dias para esperar nossa bagagem, caminhamos de dia livremente sob as palmeiras e comemos tantas laranjas e bananas quanto podíamos aguentar, e também o que não podíamos; mas prefiro não falar das consequências.

A maravilhosa natureza extasia o europeu do norte. Mangueiras, magníficas orquídeas, palmeiras cica, coqueiros, o gigantesco aceno dos bambus, papagaios em pequenos poleiros em frente das portas, urubus nos telhados nas proximidades de um açougue — tudo é estranho, tudo é esquisito. Com olhos brilhantes olha-se em volta, observa-se as pessoas e o olhar se prendia nas crianças que pulavam de pés descalços. Mas qual era a aparência delas? Todas pálido-amareladas, muitas inchadas. Assustados, nos dirigimos a um nativo. “Qual é a causa disso?” — “É o clima” respondeu este serenamente, “e muitas crianças têm também ‘Mal de Terra’ (verminose); em cima no planalto é melhor”. Nós não queremos ficar aqui e vamos para o planalto, e voltamos um pouco desiludidos para o nosso alojamento de imigrantes.

Choveu, não como na Europa, mas sim como se tivesse caído um temporal e uma atmosfera quente e úmida invadiu o prédio, tanto que fui vivamente lembrado da impressão que sempre tive quando metia o nariz