42 | 40 anos no interior do Brasil: aventuras de um engenheiro ferroviário

sai da região da colônia, onde naturalmente só é falado português e vocês podem aprender a língua com facilidade”. Nós fomos, portanto, ao carpinteiro. Era um homem de Holstein; ele falou com muito desprezo dos alemães da Boêmia, esses comedores de batata-doce, tanto que com relação a isso ficamos tranquilos; então veio a pergunta de quantos anos nós havíamos trabalhado como carpinteiros etc. Nós rimos e dissemos sem hesitar que não éramos carpinteiros, mas havíamos servido por um ano com o batalhão de engenharia e por isso não éramos de todo sem prática. Ele havia estado na mesma arma e agora descontraiu em um agradável bate-papo do sempre belo tempo em que servimos no exército, a esposa trouxe café com pão e manteiga, e nessa altura foi discutida a pergunta principal: quanto ele pagaria. Uma visível frieza soprou através da sala quando falamos do salário. “Hum”, opinou ele, “eu havia propriamente pensado que vocês, como aprendizes, ainda iriam pagar alguma coisa”. Nós protestamos energicamente contra esse desaforo, pois já tínhamos nos informado que, no livre Brasil, seria considerado indigno; e por fim, uma coisa leva à outra e chegamos a um acordo de um salário mensal de treze mil réis por homem mais alojamento. Para nós era indiferente se ganhássemos mil réis a mais ou a menos, pois cada um de nós trouxe sobre o peito nu um saquinho de couro com mil marcos em ouro para eventuais compras de terras. Mas queríamos passar por tudo e nos mudamos de nosso hotel de luxo novamente e fomos ao carpinteiro.

Era no belo mês de maio, mas este mês de encantos é, no planalto do sul do Brasil, um frio dos diabos. Na manhã seguinte fomos despertados ainda na escuridão, levantamos, tomamos café e marchamos meia hora, de modo que estávamos no canteiro de obras ao nascer do sol. Uma geada miúda e cintilante cobria a grama, árvores e as vigas já preparadas. Deviam ser abertos buracos que o carpinteiro já havia traçado para nós nas vigas. Então sentamos sobre as tábuas e batemos como loucos com os formões para nos aquecer.

Depois de meia hora, eu quis levantar para começar outro buraco, mas não pude, pois a minha calça estava presa na viga; eu estava