Robert Helling | 43

congelado. Soa estúpido, mas era verdade, no calor do Brasil eu estava congelado. Com o calor do meu corpo eu havia derretido a geada, e a umidade foi congelada novamente, ainda que somente na borda, onde minhas nádegas terminavam. Com algum trabalho eu me soltei, e assim continuei o serviço. Os dias passavam um após o outro naquele trabalho ininterrupto, ficávamos sempre somente dentro da área da colônia, mas queríamos aprender a língua da terra. Mas sempre que falávamos sobre isso com nosso mestre, ele sempre tinha desculpas e quando em um belo dia novamente havia assumido uma construção na colônia eu disse a ele que queríamos ir embora e que gostaria que ele pagasse nosso salário. Então ele fez uma cara feia; observou que nós não tínhamos trabalhado tanto como ele havia pensado, e por isso poderia nos pagar somente oito mil réis por cabeça ao invés dos treze combinados. Enfureci-me com tamanho descaramento e quis me revoltar, mas meu irmão levou a coisa para o lado da brincadeira, começou a rir e disse: “Passa esse ouro pra cá!” O carpinteiro estava completamente perplexo com o nosso comportamento. Como eu agora também acompanhei a gargalhada, ele foi para o seu quarto, remexeu por lá um bom bocado e finalmente voltou para nos comunicar, dando de ombros, que ele não tinha dinheiro; mas nós podíamos pegar tábuas dele e vender. Mas agora aquilo foi o cúmulo do atrevimento, e eu berrei a valer com ele, mas meu irmão riu de novo e disse que tinha outro plano. É que nós estávamos mais ou menos decididos a cavalgar para a Província do Rio Grande do Sul, assim, todas as nossas caixas precisavam ser refeitas, e de modo a adquirirem o tamanho ideal para poderem ser penduradas nas albardas das mulas; e agora o mestre devia pagar o nosso salário com o próprio trabalho. Este olhou fundo em nossos olhos e a princípio não disse nada; em todo caso ele pesou os prós e os contras desse nefasto plano que pelo menos salvaria sua honra; mas finalmente venceu a “Crítica da Razão Pura”, da necessidade urgente da completa carência de dinheiro vivo, e ele concordou.

Então nós ainda ficamos um pouco mais com ele. Mas da viagem ao Rio Grande do Sul nada aconteceu, compramos um pedaço de terra de um