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Os botocudos


Os colonos de Santa Catarina, um dos estados do sul do Brasil, costumavam diferenciar os autóctones (índios) em apenas mansos e bravos. Os mansos — aos quais pertenciam os Coreados[1] e os guaranis, entre outros — eram seres pequenos, sujos, preguiçosos e traiçoeiros, que esparsamente povoavam a serra do interior do sul do Brasil e dos quais muito pouco se falava ou se ouvia; o que era bem distinto dos bravos bugres da tribo dos Botocudos. Havia destes talvez alguns milhares pela região serrana entre os estados de Santa Catarina e Paraná, alguns estimavam apenas algumas centenas. Mas falavam e contavam mais histórias destes poucos do que de seus muitos milhares de irmãos tribais. Os Coreados que vi eram tão pequenos, que bem raro alcançariam a altura mínima para o exército alemão, enquanto entre os Botocudos havia homens de 1,90m de altura e 60 cm de largura de costas.

Os Botocudos derivaram seu nome do botoque, um pequeno pedaço de madeira, com formato de T onde repousa um pedaço transversal na boca, enquanto o pedaço maior sobressai trespassado pelo lábio inferior e serve para imitar os vários sons de animais em diferentes conformações. Enquanto os Coreados estavam completamente degenerados pelo contato com a cultura, os Botocudos permaneciam tão selvagens quanto a onça-pintada em sua floresta, apesar das esporádicas tentativas de civilização do governo. Não deverá estar muito longe o momento em que o último Botocudo se deitará na terra fresca, pois já que eles só vivem de caça e

 

  1. O autor aqui se refere aos índios Coroados, denominação que muitas vezes abrange a etnia Kaingang. (NdH)