50 | 40 anos no interior do Brasil: aventuras de um engenheiro ferroviário

Levou dois dias até que estes fossem reunidos; pois moravam longe uns dos outros. Nesse ínterim, todas as precauções necessárias foram tomadas para realizar a perseguição. Cada um precisava levar consigo os mantimentos necessários, visto que não se caçar pela selva; pois os bugres seriam avisados pelos tiros; também não era permitido acender fogo. Quando finalmente no terceiro dia os bugreiros vieram, nós partimos imediatamente. A marcha nos conduziu inicialmente àquela funesta cilada, que foi cuidadosamente evitada. Então chegamos a um terreno cada vez mais montanhoso; o caminho nos levou para cima através da mata fechada na direção das nascentes do rio Itajaí. Embora chovesse, isso não deteve os bugreiros, que seguiam o rastro; as condições do caminho eram tais que por vezes precisávamos rastejar para passar pela mata fechada. Já havíamos marchado cinco dias e ainda não havíamos avistado os bugres. No sexto dia chegamos a um ponto mais alto da floresta; daqui um dos bugreiros avistou à noite, sobre uma montanha situada em frente, a luz fraca de um fogo. Finalmente um sinal! Minha respiração se acelerou, meu pulso disparou! Partimos ainda na mesma noite, pois cada minuto perdido poderia ser perigoso para nós, visto que estávamos enfraquecidos de fome, devido à comida fria e insuficiente. Uma chuva fina tornou a marcha através do brejo e da mata pela noite ainda mais desagradável; além disso, não podíamos usar nossas capas como proteção contra a umidade, pois precisávamos derrotá-los com nossa artilharia precária, e a pólvora deveria permanecer seca e utilizável.

Grande parte do restante da noite ficamos deitados sobre o chão úmido e esperamos até a alvorada. Finalmente veio a hora tão esperada, e eu tremia na espera da iminente retaliação. Lenta e cuidadosamente, rastejamos pelo cume da montanha acima, onde já podíamos perceber o contorno do rancho dos bugres coberto por taquaras. Lá... lá... um sinal... um único grito pungente... ah, a justiça veio... os demônios da vingança estão a solta... agora a coisa é olho por olho... derrubamos a entrada do rancho. Na minha frente saltaram dois bugreiros no local escuro. Eu vejo como um corpo gigantesco se levanta em um canto, se curva para uma