Robert Helling | 69

“Ah, os Fanáticos!" gritava um homem gordo do Rio de Janeiro que gesticulava mostrando sua mão adornada de joias. "É tudo só conversa-mole da ferroviária, que novamente tenta fugir às suas obrigações. Mas eu paguei pelo meu bilhete e pela cabine e eu mesmo vou telegrafar ao ministro dos transportes, o qual é um grande amigo meu."

Eu nem me dignei a lhe lançar qualquer olhar, mas sim acenei para o diretor da estação para que fôssemos até a sala do telégrafo.

"Entre em contato com a Estação São João!", ordenei ao telegrafista.

A estação respondeu.

"Você não recebeu mais nenhum sinal de Calmon?"

"Não, nenhuma palavra."

"E sabe de alguma novidade?"

"Do lado de onde fica Calmon dá para ver que há fogo, pode-se perceber bem a luz na noite escura; os Fanáticos possivelmente ameaçaram colocar fogo nos depósitos de madeira da Brazil Lumber Company. Fala-se de quatro milhões de pés quadrados."

“Algo mais?"

"Não, só isso."

Eu ordenei então ao telegrafista que me colocasse em contato com a Estação Central em Curitiba. Após pedir para falar com o diretor geral, comuniquei-lhe rapidamente sobre a desagradável situação e perguntei de que modo eu deveria proceder. A notícia o surpreendeu, ele não encontrou imediatamente uma solução e solicitava que eu, por minha vez, desse alguma opinião. Eu então propus que deixássemos um trem de serviço ir antes do trem de passageiros, em um intervalo de vinte minutos deste, de modo que os passageiros só partiriam quando recebessem a mensagem de que não havia perigo pela frente. Eu mesmo me ofereci para integrar a tripulação do trem de reconhecimento.

"De acordo", soou o telégrafo em resposta, e eu prontamente organizei o trem de serviço, o qual em pouco tempo estava preparado. Alguns homens foram voluntários para a viagem, sobretudo um tanto perigosa, em direção ao incerto, eram dois estadunidenses, dois alemães, um