tem de seu. O Feliciano é o homem mais rico destes arredores, e vivem como os cabaneiros, de caldo e pão de milho. Ele quando vai ao Porto receber um alqueire de soberanos que lhe vem do Brasil todos os anos, vai a pé, e mete ao bolso umas côdeas de boroa e quatro maçãs para não ir è estalagem.

Interrompi com interesse de artista:

— Disse-me que ela endoidecera. Foi logo depois da morte do seu cunhado?

— Isso já me não escordo. Quando eu vim casar para aqui já meu cunhado tinha morrido. O que me lembra é dizer-me o meu defunto, que Deus tem, que o rapaz ganhou doença do peito por mor dela. Esses casos há muita gente que lhos conte. Há por aí muito homem do seu tempo. Pergunte isso ao Senhor Reitor de Caldelas que andou com ele nos estudos e sabe todas essas trapalhadas. — E num tom de notícia festival: — Olhe que o gatinho nasceu esta noite; lá lho mando assim que estiver criado.

Quer que lhe corte as orelhas e o rabito?

— Faça-me o favor de lhe não cortar nada.